A Polícia Federal prendeu, no âmbito da Operação Lesa Pátria, quatro policiais militares do Distrito Federal que colaboraram com os terroristas durante o atentado do dia 8 de janeiro.
Na quinta fase da Operação, foram cumpridos quatro mandados de prisão, sendo três temporárias e uma preventiva, e seis de busca e apreensão.
Os presos são: o coronel Jorge Eduardo Naime, que era chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) no dia do atentado; o capitão Josiel Pereira César, ajudante de ordens do comando-geral da Polícia Militar; o major Flávio Silvestre de Alencar, que liberou o acesso dos terroristas à sede do Supremo Tribunal Federal; e o tenente Rafael Pereira Martins.
O coronel Jorge Eduardo Naime já tinha sido exonerado pelo ex-interventor federal na Segurança do DF, Ricardo Cappelli, dois dias depois do atentado terrorista. Sua defesa diz que ele é inocente e que estava em um hotel fazenda no momento do ataque. Ou seja, ele não estava no posto de trabalho quando deveria estar diante das ameaças golpistas. Essa foi a defesa.
Em relatório, Cappelli afirmou que Jorge Eduardo Naime e o Departamento de Operações não produziram um plano operacional para a defesa das sedes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
O major Flávio Silvestre de Alencar foi filmado enquanto tirava viaturas e policiais de perto das grades de contenção, onde deveriam estar postados para proteger os prédios públicos.
Diversas gravações feitas durante o atentado terrorista mostram que parte da Polícia Militar do DF foi conivente com a tentativa de golpe, abrindo espaço para que os terroristas avançassem sobre a Praça dos Três Poderes.
Um vídeo mostra policiais conversando e dando risada junto a terroristas, enquanto a sede do Congresso Nacional estava sendo invadida e depredada.
A avaliação do ex-interventor Ricardo Cappelli é de que o Comando da Polícia Militar perdeu o controle sobre suas tropas, enquanto o Departamento de Operações não produziu um plano de defesa dos prédios públicos.
“Não houve plano operacional nem ordem de serviço. Não há registro de quantos homens iriam. O que houve, apenas, foi um repasse burocrático, um ofício recebido para algumas unidades pelo Departamento de Operações. Isso é central, quem faz é o Departamento de Operações da Polícia Militar. O chefe em exercício do DOP encaminha burocraticamente esse memorando para algumas unidades. Chama atenção, então, as duas questões: não houve plano operacional, nem sequer ordem de serviço”, explicou Cappelli.
A Operação Lesa Pátria busca investigar e prender pessoas envolvidas no atentado terrorista do dia 8 de janeiro, seja com participação direta, por meio de financiamento ou por incentivo.
No dia 3 de fevereiro, quando foi deflagrada sua quarta fase, foram cumpridos três mandados de prisão e 14 de busca e apreensão. Foram presos empresários que participaram do ataque, policiais legislativos que se omitiram de defender o patrimônio público e um deputado estadual de Rondônia, William Ferreira da Silva, que filmou o próprio rosto enquanto depredava o STF.