Mais de 150 lideranças, entre deputados, sindicalistas, representantes de movimentos sociais e pesquisadores, participaram da reunião da Frente Parlamentar contra a privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), na Assembleia Legislativa do estado, na terça-feira (7).
“Estamos aqui para retomar de maneira unificada e ampla a luta contra a privatização da Sabesp. Digo ampla e unificada porque essa é uma luta que depende de muita unidade dos trabalhadores da Sabesp, dos parlamentares desta casa, das entidades, mas também de sabermos envolver e ganhar a sociedade civil para esse embate. Mostrar à sociedade por que é importante manter a Sabesp como empresa pública, e não abrir mão de um bem de extrema importância para a população. Vamos discutir ações, mobilizações e medidas para defender o patrimônio do povo paulista e barrar a sanha privatista do governador Tarcísio de Freitas”, afirmou o deputado Emídio de Souza (PT-SP), coordenador da Frente, ao abrir os trabalhos.
“É preciso ampliar o diálogo com diferentes frentes de luta e de diferentes forças políticas. É hora de organizarmos a luta com a criação de ações como a popularização do nosso manifesto e a realização de audiências públicas na Alesp e nas câmaras municipais de todo o estado”, afirmou. A reunião foi a primeira do ano da Frente Parlamentar, criada no primeiro semestre de 2021.
Mais de vinte deputados de partidos como PT, PCdoB, Psol e Rede, participaram da reunião, além de representantes das centrais CUT e CTB, e de lideranças do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema), do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, do Sindicato dos Urbanitários de Santos, Sindicato dos Condutores, Sindicato dos Metroviários e do Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento (ONDAS), entre outras entidades e movimentos.
O deputado Luiz Fernando (PT-SP) também corroborou com o colega Emídio de Souza sobre a importância de se ganhar a população de São Paulo para a luta. Segundo ele, o governador Tarcísio de Freitas está determinado a privatizar a Sabesp e, portanto, “nossa briga não é um embate qualquer”.
“Temos que mostrar a verdade para a população, porque o que o governador vai tentar propagandear – ‘tarifa mais barata e atendimento melhor’ – é o contrário da verdade. Temos que mostrar à população que a verdade é que privatizar a Sabesp significa tirar água de onde der prejuízo e que só terá bom atendimento onde der lucro”, argumentou o deputado.
Luiz Fernando falou ainda sobre as experiências negativas de privatizações do setor de água e saneamento, afirmando que “existem vários exemplos no mundo mostrando que onde privatizou está sendo de novo reestatizado”.
Para o presidente do Sintaema, José Faggian, “a luta contra a privatização da Sabesp não é somente do sabespiano e da sabespiana, mas sim de toda a população do estado”.
Ele lembrou que “onde o saneamento foi privatizado, a tarifa aumentou e o serviço piorou, sem falar na exclusão brutal do acesso das populações mais vulneráveis do acesso à água. A gente sabe que onde a iniciativa privada entra não é para cuidar do bem-estar da população, ela entra com um único objetivo: obter lucro!”, disse.
Durante a reunião, a direção do Sintaema deu um informe sobre a agenda de lutas da entidade através do Coletivo Nacional de Saneamento, sobre a elaboração do “Fevereiro Azul” e a convocação do ato contra a privatização no dia 14 de fevereiro, a partir das 9h, na porta da Bolsa de Valores de São Paulo.
Em sua fala, o presidente da CTB-SP, Renê Vicente, disse que “a frente parlamentar contra a privatização da Sabesp é um instrumento de luta importantíssimo na defesa e conscientização da importância do bem-estar do povo paulistano”. “O papel da frente é organizar a luta na Alesp e ajudar na aglutinação dos movimentos sociais em torno do tema do Saneamento Público”, destacou.
Alcides Amazonas, que falou em nome da deputada Leci Brandão, do PCdoB da capital, e do deputado federal Orlando Silva, também reforçou a importância do envolvimento “de toda a sociedade paulista na luta contra a privatização da Sabesp” e defendeu que onde há “serviço essencial, o estado deve estar muito presente”.
Já a deputada Simone Nascimento, que exerce mandato compartilhado do Psol, falou que “as mulheres, em especial as mulheres negras, maioria nas periferias e bairros pobres, são as primeiras a serem penalizadas” quando o assunto é privatização de serviços essenciais. Simone também lembrou de exemplos mundiais, “de países que estão reestatizando suas empresas de água e saneamento, por compreenderem que a privatização não foi satisfatória”.
Na próxima terça-feira (14), às 10h, trabalhadores dos setores de saneamento e energia elétrica irão realizar um ato, em frente à Bolsa de Valores de São Paulo, contra a privatização da Sabesp e para denunciar a crescente mercantilização dos dois serviços essenciais de água e energia.
A intenção da manifestação, denominada “Água e Energia não são Mercadorias”, é esclarecer à população sobre os riscos que as privatizações das empresas públicas dos dois setores representam, como o aumento das contas, a exclusão dos serviços às famílias mais vulneráveis e a precarização das atividades, ocasionada principalmente pela demissão de trabalhadores e trabalhadoras qualificados e experientes.