Gleisi Hoffmann levará essa discussão ao Diretório Nacional do PT, que se reúne na próxima segunda-feira (13), para que seja concretizada uma posição de apoio a Lula em sua ofensiva contra os juros altos
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central e aliado de Bolsonaro, está agindo de maneira “irresponsável” ao manter os juros no Brasil a 13,75% ao ano.
Gleisi levará essa discussão ao Diretório Nacional do PT, que se reúne na próxima segunda-feira (13), para que seja concretizada uma posição de apoio a Lula em sua ofensiva contra os juros altos.
“O fato de o presidente do Banco Central ter mandato não dá a ele autorização para a irresponsabilidade. Ter mandato não significa ser imexível”, falou a dirigente ao Estadão.
“Não há justificativa para um juro de 13,75% e uma meta de inflação inexequível. Não temos risco fiscal. Tudo isso vai trazer recessão e desemprego”, continuou Gleisi.
“O Brasil tem o juro real mais alto do mundo. Em segundo lugar está o México. A postura do Banco Central joga o país na instabilidade. Se a economia der errado, a democracia estará ameaçada”, completou.
O Banco Central decidiu manter a taxa de juros (Selic) em 13,75% ao ano, o que deixa o Brasil com o maior juro real do mundo.
Descontada a inflação para os próximos doze meses, a taxa de juro real do Brasil é de 7,38%.
Os juros reais no México estão em 5,53%, enquanto no Chile, terceiro maior, são de 4,71%.
Para o presidente Lula, essa taxa de juros exorbitante atrapalha investimentos e impede a retomada do desenvolvimento econômico do Brasil. “Não é possível que a gente queira que esse país volte a crescer com uma taxa de juros de 13,75%”, disse.
“Não existe nenhuma justificativa para que a taxa de juros esteja em 13,75%”, apontou. Lula chamou o juros altos de “vergonha”.
“Este país tem uma cultura de viver com juros altos, que não combina com a necessidade de crescimento que nós temos”, acrescentou o presidente Lula.
O ministro Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, afirmou que “todos querem juros mais baixos no país para que possamos contribuir cada vez mais para que os empresários possam tomar crédito e gerar mais emprego, acelerando o crescimento do país”.
Roberto Campos Neto foi indicado por Jair Bolsonaro para presidir o Banco Central com um mandato que só se encerra em dezembro de 2024.
Apesar do BC ser um órgão “autônomo” e “independente”, Campos Neto era membro do grupo de whatsapp de ministros do governo Bolsonaro até, pelo menos, o dia 11 de janeiro, quando foi flagrado pela fotógrafa Gabriela Biló, da Folha de S. Paulo.
Em agosto de 2021, Roberto Campos Neto participou de um churrasco com membros do primeiro escalão do governo Bolsonaro. Estavam no encontro os ex-ministros Ciro Nogueira, da Casa Civil, Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, e Fábio Faria, das Comunicações.