“A taxa de juros está, há algum tempo, em 13,75% ao ano, sem nenhuma pressão inflacionária que justifique estar nessa altura, a não ser o capital especulativo”, disse o deputado Emanuel Pinheiro Neto (MT)
O vice-líder do governo Lula na Câmara, deputado Emanuel Pinheiro Neto (MDB-MT), conhecido como Emanuelzinho, criticou o Banco Central por manter a taxa de juros em 13,75% ao ano e disse que o resultado dessa política é a queda no investimento e desindustrialização.
Para ele, “Banco Central independente não significa imunidade a críticas; Banco Central independente não significa Banco Central inquestionável”.
O deputado federal disse que não há no Brasil “nenhuma pressão inflacionária” que justifique a taxa de juros ser mantida em 13,75% ao ano pelo Banco Central.
“A taxa de juros está, há algum tempo, em 13,75% ao ano, sem nenhuma pressão inflacionária que justifique estar nessa altura, a não ser o capital especulativo que rende a partir de uma taxa de juros dessa altura, desse quilate”, argumentou.
“Banco Central independente não significa imunidade a críticas; Banco Central independente não significa Banco Central inquestionável”
“Nós temos que ter consciência de que crescimento não é resultado de fórmula mágica, e sim de poupança, de taxa de investimento, que hoje beira 16%, 17%, com crescimento econômico. E esse investimento tem de ir para a faixa de 25%, 26%, 27%, para que haja geração de renda, emprego, para que as famílias consumam, para que o governo [federal] arrecade e possa investir de volta na sociedade e propiciar ambiente favorável aos negócios, abertura de empresas e crescimento do Brasil”, apontou o parlamentar.
“O Brasil está virando um fazendão, porque só vive da exportação da proteína animal, do minério e de outras commodities, que sempre estão voláteis, sujeitas aos preços, diferentemente dos preços internacionais, da indústria nacional”, afirmou Emanuel Pinheiro Neto.
“A indústria, quando há choque de demanda, ajusta a oferta, o que não é o caso das commodities, que, quando há choque de demanda, há o ajuste do preço. E o Brasil sempre fica refém de ciclo positivo ou de ciclo negativo de commodities, sem contar que a indústria, que é a prejudicada com esse valor nas alturas da taxa de juros, é o setor que melhor emprega, mais bem remunera, porém tem sido prejudicado”, continuou o deputado.
“O Brasil está virando um fazendão, porque só vive da exportação da proteína animal, do minério e de outras commodities, que sempre estão voláteis, sujeitas aos preços, diferentemente dos preços internacionais, da indústria nacional”
O vice-líder do governo lembrou que “nos últimos 10 anos, quase 30 mil indústrias foram fechadas em nosso país, uma média de 17 indústrias por dia”.
O deputado comentou sobre a situação de dependência do Brasil em relação ao mercado internacional, como no caso de fertilizantes.
“Oitenta por cento dos fertilizantes que nós importamos no Brasil vêm da Rússia. Há uma guerra da Rússia contra a Ucrânia, uma diminuição da oferta, sobe o preço, e o Brasil começa a ter inflação devido a esse cenário internacional de dependência das commodities”.
Mesmo assim, o governo de Jair Bolsonaro fez com que a Petrobrás fechasse três fábricas de fertilizantes.
O presidente Lula está em confronto direto contra a política do Banco Central de manter altos os juros no Brasil, que hoje são os maiores do mundo, em termos reais.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi indicado por Jair Bolsonaro e estava, pelo menos até janeiro, no grupo de ex-ministros do governo, ainda que o banco seja “independente” e “autônomo”.
Lula disse que “não é possível que a gente queira que esse país volte a crescer com uma taxa de juros de 13,75%”. O Brasil “tem uma cultura de viver com juros altos, que não combina com a necessidade de crescimento que nós temos”.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, está articulando o partido para dar mais apoio a Lula em sua ofensiva contra os juros altos. Na próxima segunda-feira (13), o Diretório Nacional irá se reunir para discutir e deliberar sobre o assunto.