“O presidente e eu conversamos sobre a necessidade de fortalecer os fundamentos democráticos, não apenas no Brasil, não apenas nos EUA”, disse o senador americano
O senador estadunidense Bernie Sanders se reuniu na manhã desta sexta-feira (10) com o presidente Lula, na Blair House, onde Lula está hospedado em sua viagem aos EUA. A proteção aos fundamentos democráticos no Brasil e nos Estados Unidos e a cooperação americana na conservação da Floresta Amazônica foram os principais tópicos da reunião entre os dois.
Bernie Sanders é um parlamentar representante de esquerda do Partido Democrata dos Estados Unidos. Após a reunião com Lula, o senador de Vermont disse ser preciso proteger a democracia de “extremistas de direita”, como Donald Trump e Jair Bolsonaro. “Existe uma ameaça tremenda da direita supremacista branca autoritária, seja com Trump ou Bolsonaro, que querem enfraquecer as democracias, e o nosso papel é fortalecer as democracias”, disse.
“O presidente e eu conversamos sobre a necessidade de fortalecer os fundamentos democráticos, não apenas no Brasil, não apenas nos EUA, mas em todo o mundo, porque há uma ameaça massiva de extremistas autoritários de direita, como Trump ou Bolsonaro, que tentam minar a democracia. O nosso trabalho é fortalecer a democracia no Brasil, nos EUA e em todo o mundo”, afirmou Sanders.
O senador comemorou a iniciativa de Lula de visitar a sede da Federação Americana de Trabalho e Congresso das Organizações Industriais (AFL-CIO). Segundo Sanders, Lula deixa claro que “as economias da América Latina e dos EUA” devem funcionar “para os trabalhadores, não apenas para o 1% de bilionários”. Bernie disse que é importante formar governos na América Latina e nos Estados Unidos que governem focados nos trabalhadores e “não apenas nos bilionários”.
Sanders disse que os EUA precisam estar envolvidos “com o Brasil, com a Europa e com qualquer país possível” para “acabar com o desmatamento e proteger a Amazônia”. Para o senador, a condição climática e o futuro da Amazônia “determinarão se vamos conseguir salvar o planeta ou não”. Ele finalizou a breve coletiva de imprensa afirmando que “a forma como lidamos com a internet e com a desinformação é uma questão tanto para o Brasil quanto para os EUA”.
Em entrevista à CNN, o presidente Lula declarou que a divisão política nos Estados Unidos é maior ou tão séria quanto no Brasil. “Aqui também há uma divisão, muito mais ou tão séria quanto o Brasil — democratas e republicanos estão muito divididos. Ame ou deixe-o, é mais ou menos isso que está acontecendo”, disse Lula à Christiane Amanpour da CNN em Washington, acrescentando que o Brasil não tem “uma cultura de ódio”.
Lula chamou Bolsonaro de “fiel imitador de Trump”, dizendo que os dois “não gostam de sindicatos. Eles não gostam do setor empresarial. Eles não gostam de trabalhadores, não gostam de mulheres. Eles não gostam de negros”. Mesmo assim, Lula não está convencido de que todos os apoiadores de Bolsonaro sejam ideólogos. “Estou convencido de que nem todo mundo que votou em Bolsonaro segue o bolsonarismo”, explicou.
Lula falou também sobre a operação militar russa na Ucrânia. Disse que Putin errou, mas defendeu sua decisão de não enviar munições para as forças de Kiev. “Lógico que ela tem o direito de se defender, até porque a invasão foi um equívoco da Rússia. Ela não poderia ter feito isso. Isso não foi discutido no Conselho de Segurança [da ONU]. O que eu quero é dizer o seguinte: o que tinha de ser feito de errado já foi feito. Agora, é preciso encontrar pessoas para tentar ajudar a consertar”, afirmou o presidente.
“Agora é preciso encontrar pessoas para tentar ajudar a consertar. E eu, eu sei que o Brasil não tem muita importância no cenário mundial, nessa lógica perversa dos conflitos do mundo. Mas eu posso te dizer que eu vou me dedicar para ver se encontro um caminho para alguém falar em paz. Eu tive com o chanceler alemão esses dias e ele foi no Brasil”, continuou se referindo à visita de Olaf Scholz.
Em 30 de janeiro, Lula expôs que “o Brasil é um país de paz. O último contencioso foi na guerra do Paraguai, portanto, o Brasil não quer ter nenhuma participação, mesmo que indireta.”