Afirmação foi feita em entrevista à Rede Globo neste sábado (11). “Eu vou participar de uma política externa muito ativa e altiva”, acrescentou o presidente Lula
O presidente Lula afirmou, em entrevista para a jornalista Raquel Krähenbühl, da Rede Globo, no sábado (11), antes de embarcar de volta ao Brasil após conversa com Joe Biden, que não vai tomar partido na disputa dos EUA com a China. Lula criticou também a guerra na Ucrânia e reafirmou que o Brasil não vai se envolver neste conflito e insistiu que o país vai buscar a paz.
“Eu não vou participar de guerra fria com ninguém”, disse Lula. “Eu vou participar de uma política externa muito ativa e altiva. Nós queremos ter uma belíssima relação com a União Europeia. Por isso vamos tentar concluir o acordo Mercosul-União Europeia. Nós queremos ter uma belíssima relação com a China e nós queremos ter uma belíssima relação com os Estados Unidos”, destacou o presidente.
Lula apontou este caminho de independência também para a Europa, hoje arrastada para a guerra. “O que eles [os europeus] precisam compreender, e aí sim, a Europa tem que compreender que a Europa, junto com a América do Sul, a gente pode formar um bloco ainda muito mais forte para negociar com as duas potências, que inegavelmente são duas potências que estão muito distantes do restante dos países”, defendeu Lula.
“Então”, destacou o presidente brasileiro, “o que nós precisamos é manter uma boa política com a China, uma boa política com os Estados Unidos, e dizer para eles que nós não estamos precisando mais de Guerra Fria, porque a Guerra Fria não construiu muita coisa boa para a humanidade. Ela construiu conflitos, e nós não queremos mais conflitos”.
Ainda sobre a guerra na Ucrânia, Lula voltou a questionar Biden. Disse que esta guerra é sem sentido. “Ou seja, se os americanos acham que não pode mais a Otan ir lá para fronteira da Rússia, que a Ucrânia não pode estar na União Europeia, eu fico me perguntando: ‘Por que essa guerra ser mantida? Qual é a lógica?’”, indagou.
“Às vezes, eu compreendo que muitas vezes a gente começa a fazer uma coisa e depois a gente quer parar e não sabe como parar”, prosseguiu Lula. “Então eu acho que aqueles que ainda não estão envolvidos diretamente na guerra podem ajudar a encontrar a narrativa suficiente para essa guerra parar. Foi isso que eu disse ao presidente Biden”, afirmou o presidente brasileiro.
Lula falou também de outros temas tratados no encontro. O meio ambiente e a proteção da Amazônia foi um deles. O mandatário brasileiro disse que não esperava um grande acordo com os EUA, porque, segundo ele, “nós não viemos aqui para fazermos um grande acordo. Nós viemos aqui para restabelecer uma relação que não estava boa”. O presidente Joe Biden anunciou que os EUA participarão do Fundo Amazônia com uma ajuda de US$ 50 milhões.