A Assembleia Nacional de Governos Regionais (ANGR) e a Associação de Universidades Nacionais do Peru (Aunap) lançaram um manifesto conjunto, na segunda-feira (13), exigindo a realização de eleições gerais neste ano para responder à “grave crise política, social e econômica” em que o país se vê mergulhado pelo governo da presidente Dina Boluarte.
Durante reunião com a presidenta, as entidades assinalaram que a “situação da crise é insustentável” e que cabe a Dina exigir do Congresso as reformas necessárias para a antecipação das eleições ou renunciar, possibilitando que o pleito seja realizado imediatamente.
“Segundo a Ouvidoria, até o presente momento existem mais de 60 falecimentos vinculados aos protestos sociais, 17 dos quais eram menores de idade, cujos familiares seguem exigindo justiça a um Estado que parece não escutar”, denunciaram no “Manifesto pelo Peru”. Frente ao banho de sangue, propõem que seja instituída uma comissão investigadora independente para “determinar as responsabilidades pela morte dos cidadãos durante os protestos sociais”. Tal comissão, defenderam, “deverá ser constituída por organizações da sociedade civil, entidades profissionais, representantes das igrejas, do Congresso e do Executivo”.
Conforme o Ministério da Economia e Finanças (MEF), assinalaram, “foram perdidos entre os dias 8 de dezembro e 23 de janeiro 2,15 bilhões de sóis [US$ 551 milhões]”, o que trouxe graves prejuízos “a todos os setores econômicos”. O impacto se deu principalmente aos setores mais vulneráveis, “com uma elevação nos preços dos produtos de primeira necessidade e o incremento da inflação da ordem de 8,5% a 9%”.
Para o setor educacional, especificamente, alertaram governadores e reitores, a adoção de contrarreformas “significa um retrocesso de 30 anos”, com os estudantes sendo impossibilitados de gozar férias “pela convulsão social e a violação da autonomia universitária demonstrada na invasão da Universidade Mayor de São Marcos e o ataque à Universidade Nacional de Engenharia (UNI)”.
Além de Dina Boluarte, estiveram presentes à reunião o presidente do Conselho de Ministros, Alberto Otárola; o governador regional de Arequipa, Rohel Sánchez e a governadora regional de Moquegua, Gilia Gutiérrez, dirigentes da ANGR; acompanhados dos reitores da Universidade La Molina, Américo Guevara, e da UNI, Alfonso López Chau, representantes da Anaup.
No final do encontro, a porta voz da Presidência voltou a mentir descaradamente sobre a pressão do movimento popular contra o governo, declarando ter se tratado de uma reunião “sobre o fortalecimento da educação e da unidade nacional”.