44 mortes foram confirmadas em decorrência da maior chuva já registrada no litoral norte de São Paulo
Equipes de resgate continuam a busca por sobreviventes após o forte temporal que atingiu o Litoral Norte de São Paulo no fim de semana. Segundo o Corpo de Bombeiros, 44 pessoas morreram e 560 tiveram que sair de casa, entre desabrigados e desalojados. Além das mortes, ao menos 40 pessoas estavam desaparecidas, sendo 36 na Vila do Sahy, localidade mais afetada pelo desastre, e outras quatro em Juquehy.
O governo federal reconheceu o estado de calamidade em seis cidades da região e decretou luto oficial de três dias.
Na cidade de São Sebastião, fortemente afetada pelas chuvas, os corpos de 11 dos mortos na cidade foram levados para o Instituto Médico Legal. Ao menos quatro das vítimas são crianças. O trabalho de identificação deve ser feito nesta segunda, assim como o transporte dos demais corpos.
Na costa sul do município, onde a situação é crítica, moradores ficaram ilhados e aguardam a chegada de doações e atendimento médico. O volume de chuva na cidade foi de 627 milímetros, o dobro esperado para o mês.
Segundo a Defesa Civil, o volume de chuva entre sábado e domingo superou o esperado para todo o mês de fevereiro em três das quatro cidades do Litoral Norte (São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba), região fortemente castigada pelos temporais.
As tempestades provocaram alagamentos, deslizamentos e interditaram trechos das rodovias Rio-Santos, Mogi-Bertioga e Tamoios. Apenas a Tamoios foi totalmente liberada, por volta das 21h30.
O governo de São Paulo decretou estado de calamidade em seis cidades e luto oficial de três dias. Cerca de 600 agentes da prefeitura, Defesa Civil, Forças Armadas, Corpo de bombeiros, Polícia Militar e Exército trabalham no auxílio à população.
“A solidariedade se faz presente, percebo um movimento muito grande de ajuda às pessoas, de coleta de donativos”, agradeceu. “Reforço que donativos devem ser levados aos depósitos do Fundo Social de São Paulo e da Defesa Civil”, afirmou o governador Tarcísio de Freitas, em coletiva realizada nesta segunda-feira (20) junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo ele, existem muitos pontos de interrupção ao longo da rodovia Rio-Santos e também da Mogi-Bertioga. “Não sabemos o quanto sobrou da Rio-Santos. São muitos pontos de deslizamento e bloqueios”. Os turistas foram aconselhados a não tentar deixar o litoral norte por enquanto e já há registros de falta de mantimentos nos supermercados das cidades no entorno.
Durante o encontro, o presidente da República pediu orações pelas vítimas e para que as chuvas diminuam na região. “Eu acho que uma boa reza com muita fé sempre ajuda a gente conquistar aquilo que a gente quer”, declarou Lula após sobrevoar as áreas devastadas pela tempestade.
Segundo informações do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, os municípios em situação de calamidade são: São Sebastião, Caraguatatuba, Guarujá, Bertioga, Ilhabela e Ubatuba.
Com a decisão, é possível agilizar medidas de assistência à população afetada, restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução da infraestrutura pública danificada.
O Ministério da Saúde está enviando kits com 25 medicamentos e 13 diferentes insumos para populações em situação de emergência, que podem atender cerca de 4,5 mil pessoas durante um mês.
“Uma vez assistidas as vítimas, devemos tratar da recuperação, da reconstrução das cidades. Seja de uma estrada que foi interrompida, uma ponte que caiu, por exemplo. Vamos garantir, e isso é um compromisso do presidente Lula, os recursos necessários para que a população e os municípios sejam atendidos”, disse o ministro.
CHUVA RECORDE
As chuvas que caíram em entre sexta-feira (18) e sábado (19) no Litoral Norte de São Paulo foram as maiores registradas em 24 horas na história pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
O Cemaden instalou a maior parte dos pluviômetros, mecanismo que verifica a quantidade de chuva, da rede de observação do país em 2013.
O volume que caiu em Bertioga, 683 milímetros acumulados no período, é o maior registro do sistema até o momento. Na tragédia de Petrópolis, em 2022, foram registrados 534,4 milímetros. Já o recorde do Inmet, de 1991, da cidade de Florianópolis, é de 404,8 mm em 24 horas.
TRECHOS DA RIO-SANTOS NÃO EXISTEM MAIS
“A gente contabilizou mais de 10 pontos de bloqueio, alguns de grande extensão, em alguns pontos a gente não sabe exatamente o que sobrou da rodovia, porque é um volume de terra tão grande que se deslocou em uma extensão tão grande que a gente até levanta a hipótese da rodovia ter sido arrastada junto, da rodovia não existir mais”, afirmou em coletiva de imprensa o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.