O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, realizaram, nesta quarta-feira (22), um sobrevoo à região atingida pelas tempestades no litoral paulista. Segundo o governador, que tem atuado em conjunto com o governo federal, o objetivo foi o dimensionamento dos estragos para o estabelecimento de novas políticas ambientais no Estado.
As fortes tempestades que atingiram a região norte do litoral na sexta e sábado causaram o desmoronamento de terras e o soterramento de casas. Ao menos 48 mortes foram confirmadas e cerca de 50 pessoas estão desaparecidas.
“A ministra está vindo aqui e a gente conhece bem a pauta da ministra. A ministra tem lutado contra as mudanças climáticas. Então, eu tenho certeza de que a gente vai falar de futuro, de prevenção, como é que a gente vai tornar as estruturas das cidades mais resilientes. Percebemos que esses eventos serão mais frequentes”, explicou Tarcísio, enfatizando que o caso mostra que algo de fato mudou no planeta.
“Esse sobrevoo foi importante para dimensionarmos o tamanho do desastre, tanto em relação às vidas perdidas e aos prejuízos econômicos. Mas também para avaliarmos o estrago ao meio ambiente nesta região. Devemos trabalhar juntos para darmos uma resposta efetiva à população e na recuperação da vegetação e da infraestrutura afetada por esses deslizamentos”, afirmou Tarcísio de Freitas.
Tarcísio disse que o governo buscará transformar o episódio em um modelo de atuação em casos semelhantes. “Nossa ideia é tornar esse episódio de São Sebastião num case. Num case de dia seguinte, num case de reconstrução, no case de remoção de pessoas de área de risco. Vamos usar criatividade, vamos usar o engajamento da sociedade. A gente está conseguindo perceber muita solidariedade e a gente tem que usar essa solidariedade agora para mover os esforços do governo federal, do governo estadual, da iniciativa privada”, afirmou.
DIÁLOGO
O governo estadual está atuando junto ao governo federal. Apesar de aliado durante as eleições, Tarcísio tem se distanciado de Bolsonaro em meio à crise no litoral paulista. Enquanto o ex-presidente andava de jetsky durante as inundações que atingiram Petrópolis, cidades da Bahia e de Pernambuco em 2022, o governador de São Paulo transferiu o seu gabinete para a região atingida do litoral e pediu apoio do presidente Lula para atender a população.
“Acho que essa parceria que estamos fazendo aqui é uma fotografia boa para o nosso país”, disse Lula junto a Tarcísio durante visita à região na segunda-feira de carnaval. Ao dizer isso, pediu para o governador e para o prefeito se aproximarem.
“A presença do governador Tarcísio, do companheiro Felipe, prefeito da cidade, e do governo federal, é uma demonstração específica de que é possível a gente exercer a nossa função na democracia mesmo quando a gente pertence a partido diferente ou a gente pensa diferente ideologicamente”, acrescentou.
FORNECIMENTO DE ÁGUA
Nesta quarta-feira (22), o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), afirmou que as estações de tratamento de água voltaram a funcionar no litoral norte de São Paulo.
Os serviços de água, luz e telefonia foram comprometidos em razão da queda de postes e do depósito de sedimentos nas estações de tratamento de água. O governador afirmou que o fornecimento está sendo normalizado e que há água mineral disponível em todos os pontos de abrigo.
“Restabelecemos 100% da água. Todas as estações de tratamento de água estão funcionando. A Sabesp está fornecendo 108 mil copos de água […]. Ninguém precisa comprar água, ninguém precisa pagar R$ 90 ou R$ 100 em água, já que estamos distribuindo”, afirmou em referência ao aumento de preço e à ganância de alguns comerciantes da região após o desabastecimento de itens básicos na região.
Tarcísio também renovou o apelo para que os turistas voltem para casa e revelou que uma das tarefas “mais difíceis” é convencer moradores de áreas de risco a saírem de casa.
“A gente tem que aproveitar a condição climática, que está favorável, e nós não podemos perder essa janela de tempo para fazer esse deslocamento. Então, quanto mais gente sair, melhor, porque alivia a pressão naquelas regiões.”
“Quem puder se deslocar em direção à capital, a outros pontos do estado, até outros estados, que faça pegando a Rio-Santos da Barra do Sahy em direção a São Sebastião, para que daí possa pegar a [Rodovia] Tamoios e seguir viagem”, completou o governador.
“Ontem, quase 7.000 veículos saíram do litoral e voltaram para casa por causa da operação das nossas equipes nas estradas. Os profissionais continuam lá para que um maior volume de pessoas continue saindo”, disse.
O governador paulista citou, entre os maiores desafios das equipes de resgate, a retirada de pessoas que moram em áreas de risco. Além do poder de convencimento, feito pela Defesa Civil e demais autoridades, Tarcísio anunciou que o estado entrou com uma ação na Justiça para retirar o morador à força caso ele se recuse a deixar uma casa que pode desabar. Pedido este que foi aceito pela Justiça no fim da manhã desta quarta.
“Ontem à noite, ingressamos com uma ação na Justiça para que nos permitisse fazer, em último caso, a remoção contra a vontade das pessoas que estão em residência de área de risco. Então, a gente vai fazer a abordagem. Veja: obrigar é muito complicado. Então, a gente vai ver com assistência social, defesa civil do município e do estado, tentando convencer a pessoa a sair, fazendo de tudo para sair”, garantiu.