A ex-senadora Marina Silva (Rede) criticou duramente a emenda constitucional que instituiu o teto dos gastos públicos e afirmou que sua manutenção inviabiliza a administração do governo federal nos próximos anos.
“Não sou eu que estou dizendo, é a realidade que diz isso. E qual é a realidade? O governo congelou por 20 anos a educação que temos, a saúde que temos, a segurança, a infraestrutura. Isso é razoável? Com a PEC vai se inviabilizar a gestão pública federal nos próximos anos”, disse em entrevista à Reuters.
Marina afirmou que será necessário fazer uma avaliação “criteriosa” da emenda. Ela avalia que o controle dos gastos públicos não precisa ser feito por um limite constitucional, mas pela própria lei orçamentária.
Em relação às novas regras eleitorais, a presidenciável disse que elas beneficiam os partidos investigados na Lava Jato. “Os partidos da estagnação, da polarização e que estão fortemente envolvidos em casos de corrupção vêm agindo politicamente para impedir que a sociedade — que sinaliza muito fortemente que quer fazer mudanças— possa fazer isso”, disse.
Para Marina, a eleição de 2014 foi uma fraude porque foi financiada pela corrupção. “Se alguém advogar que é legal ganhar uma eleição com base em dinheiro da corrupção, de caixa 2 desviado da Petrobras, dos fundos de pensão, de Belo Monte, do BB, Caixa, então que faça essa defesa. Eu acho que foi uma fraude”, afirmou.
Sobre Lula, ela rebateu quem declara que sem a participação do petista a eleição deste ano é fraude. “A eleição sem Lula é o cumprimento da lei. E aí vem mais uma deturpação. Se alguém acha que uma eleição roubada não é uma fraude, alguém que acha que alguém que cometeu um erro e que, assegurado o mais legítimo direito de defesa não deva cumprir a pena e que se cumprir a pena que lhe foi imputada passa a ser uma fraude, tem alguma coisa muito errada no imaginário político do Brasil”, destacou.