O ex-ministro Carlos Velloso, que presidiu o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou que não há irregularidade na conduta do juiz Sérgio Moro de dar despacho no caso da liminar concedida pelo desembargador petista Rogerio Favreto, em favor de Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo estando em férias. “Um juiz vocacionado é juiz 24 horas por dia”, disse.
“O juiz não é servidor comum que trabalha tantas horas por dia e fecha a gaveta de seu gabinete na sexta-feira e vai para casa passar o fim de semana tranquilamente. O juiz é juiz 24 horas por dia. É assim mesmo que se portam os juízes vocacionados. É possível verificar que Sérgio Moro é um juiz vocacionado. Ele procedeu muito bem”, observou o ex-ministro, em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”.
Velloso qualifica de estranha a insistência de Favreto, juiz plantonista, em determinar a soltura de Lula mesmo após o relator titular do caso, João Pedro Gebran Neto, ter se manifestado pela manutenção da prisão.
“Considero essa decisão teratológica. Quem mandou prender Lula? Foi o Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Este habeas corpus de agora foi requerido a um juiz do próprio tribunal contra uma decisão do tribunal, portanto foi um pedido incabível. Surpreendentemente, o juiz do TRF, dr. Favreto, concede a liminar, como plantonista”, assinalou.
“O que me parece lamentável é que isso costuma ocorrer na Justiça. Um sujeito espera um juiz plantonista ideal para impetrar um habeas corpus, um mandado de segurança, e ter a certeza da obtenção de uma liminar. Isso é velho e conhecido na Justiça”, completou o ex-ministro Carlos Velloso.