Em artigo no portal Vermelho, Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira, vice-presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) considerou que as três centrais, que se dizem as mais representativas (CUT, Força Sindical e UGT), tentaram tirar o foco do movimento sindical do enfrentamento à taxa de juros absurda de 13,75%, assim como da luta pelo aumento real do salário mínimo para R$ 1.343, proposto pelas próprias centrais – e não os R$ 1.320 definidos pelo ministro da Economia, Fernando Haddad. “O Brasil está tentando se levantar da tragédia que foi o governo Bolsonaro e procura o melhor caminho para sair do atoleiro em que se encontra”, afirmou Bira.
SABOTAGEM
“É preciso enfrentar com firmeza a atitude nefasta do presidente do Banco Central ‘independente’ que inviabiliza e sabota o governo e o crescimento do país com uma taxa de juros absurda de 13,75%, sendo 8% de juros reais, a maior do mundo. Ao manter a economia do país atrelada a essas taxas, não haverá crescimento, o parque industrial nacional vai se desmilinguindo e o desemprego aumentando”, avaliou Bira.
É o que se vê com o chamado “Projeto de Valorização e Fortalecimento da Negociação Coletiva”, redigido por assessores da CUT. Segundo Bira, “dirigentes das três centrais, sem discussão no movimento sindical, ‘vazaram’ para Folha e o Estadão um documento que propõe a criação de um conselho de autorregulação, com câmara bipartite (patrão e trabalhadores), para resolver qualquer questão sindical, representatividade, eleições, acordos e outros temas.
Conforme o projeto, a presidência desse conselho seria exercida, em rodízio, pelas três centrais. Além disso, o documento prevê que o conselho passaria a administrar alguns milhões de reais da contribuição dos trabalhadores.
Na avaliação de Bira, “o máximo que conseguiram foi revoltar o movimento sindical. Várias notas de repúdio foram publicadas por muitas entidades sindicais sérias e representativas, que não aceitaram ser manipuladas e nem desrespeitadas”.
“Tira do sindicato o direito de ser legítimo representante dos trabalhadores”. Mais ainda, disse Bira: “Em qualquer caso de divergência na representatividade, é só uma dessas centrais se aliar com os patrões que o sindicato, de fato mais representativo, fecha as portas, dando lugar a uma aliança esdrúxula que, ao final e ao cabo, vai representar os interesses patronais. A tal proposta tira o poder de negociação dos sindicatos e os transforma em meros carimbadores de acertos feitos por centrais, avaliou o dirigente sindical. Pelo documento, as confederações e federações seriam extintas”.
De acordo com Bira, “o que precisamos, agora, é regulamentar o artigo 8° da nossa Constituição e garantir um custeio às atividades sindicais, por meio de uma contribuição negocial aprovada em assembleia. Isso fortalecerá o movimento sindical para realizar suas lutas e ajudar o governo federal também a enfrentar a ganância dos rentistas, agiotas e especuladores”, concluiu o vice-presidente da CTB.