
Na semana passada, faleceu aos 88 anos, o sambista e compositor Germano Mathias, em Franco da Rocha, na Grande São Paulo. Ele estava internado com uma forte pneumonia em um hospital da cidade.
Ícone do samba paulista, Germano Mathias chamou atenção por causa do jeito peculiar de interpretar o gênero, sempre de forma sincopada.
No documentário produzido pelo CPC-UMES, junto à ECA USP, Maloca Filmes e pela DMM-Unicamp, intitulado “Germano Mathias – O Catedrático do Samba”, o artista faz um relato sobre a sua trajetória, desde os tempos da Caravana da Alegria, na Rádio Tupi de São Paulo, às suas andanças pelo centro da capital paulista, local de onde surgiram as inspirações para o seu estilo musical.
Veja o documentário na íntegra:
CATEDRÁTICO
Nascido em 2 de julho de 1934 no bairro do Pari, em São Paulo, ele era filho de imigrantes portugueses. Aos 14 anos, foi convidado a integrar a escola de samba Rosas Negras. Na juventude, trabalhou como camelô, marreteiro e vendedor de pomadas e sabão, até entrar de vez no samba.
Com uma carreira ligada ao samba de São Paulo, Mathias, também conhecido pelo apelido de Catedrático do Samba, começou a carreira em 1955 e influenciou uma geração de sambistas.
O jeito de cantar, de forma cadenciada e sincopada, era uma de suas marcas registradas. Ele tocava usando uma tampa de lata como percussão, maneira que diz ter aprendido com os engraxates da Praça da Sé.
Germano também ficou marcado por usar uma tampa de lata na percussão, técnica que ele contou ter apreendido com engraxates que frequentavam a Praça da Sé no século passado.
Seu início profissional começou quando se apresentou no quadro “À Procura de um Astro”, do programa Caravana da Alegria, na Rádio Tupi de São Paulo.
Na ocasião, ele cantou “Minha Nega na Janela” ao mesmo tempo em que tocava uma tampolina de gordura, composição sua que mais tarde seria um dos seus sucessos em gravação pela Polydor, dentre os 300 candidatos, Germano se sagrou vencedor e ganhou um contrato com a Tupi.
Em 1957, ganhou o Troféu Roquette Pinto de revelação masculina (ao lado de Maysa, que ganhou o de revelação feminina), o que lhe deu um impulso na carreira, que deslanchou. Durante uma visita a Mangueira, conheceu Zé Keti, de quem gravaria diversas composições.
Seu repertório era repleto de sucessos como: “Lata de Graxa”, “Malandro de Araque”, “Seu cochilo” e “Malandro não vacila”, “Senhor Delegado” e “Guarde a Sandália Dela”.
Na mesma época, Germano participou dos filmes nacionais “Quem Roubou Meu Samba” e “O Preço da Vitória”.
Em 2010, recebeu a Ordem do Ipiranga, a mais alta honraria concedida pelo estado de São Paulo para pessoas que prestaram serviços importantes aos paulistas.
“Cantor, compositor e percursionista, Germano Mathias influenciou uma geração de sambistas e, até os dias atuais, é insubstituível por seu estilo e seu ritmo cadenciado de gafieiras malandras”, diz a produtora do artista.