Em encontro com a Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas, nesta quarta-feira (1º), o presidente Lula condenou a destruição dos direitos trabalhistas e previdenciários promovida nos últimos anos e afirmou que as empresas de aplicativo exploram os trabalhadores como nunca antes se viu na história do país. Lula alertou que o movimento sindical terá que lutar como nunca para recuperar os direitos perdidos.
Lula afirmou que a situação do trabalho no Brasil e no mundo vai de mal a pior com a queda de postos de trabalho que remuneram melhor e o avanço de formas cada vez mais precarizadas de trabalho, boa parte legalizadas através da reforma trabalhista de 2017.
“As fábricas já não têm a quantidade de trabalhadores que tinham. O trabalho informal ganha dimensão maior que o trabalho informal e as empresas de aplicativos exploram os trabalhadores como jamais em outro momento da história os trabalhadores foram explorados. E cabe outra vez aos dirigentes sindicais encontrar uma saída que permita que a classe trabalhadora do mundo inteiro possa reconquistar seu espaço, não apenas na sua relação com seus empregadores, mas nas conquistas da Seguridade Social que os trabalhadores estão perdendo em muitos países do mundo” afirmou.
O presidente Lula lembrou das mudanças provocadas pela ascensão do neoliberalismo, nos anos 1980 e o impacto na precarização das relações de trabalho e das políticas públicas. “Todos nós sabemos o que a chamada globalização dos anos 1980 causou no mundo do trabalho, todo mundo sabe os efeitos do mundo do trabalho com as empresas de aplicativo determinando o que acontece no mundo do trabalho em todos os países do mundo. E todos nós sabemos as dificuldades que os trabalhadores do mundo inteiro estão passando e, todos nós sabemos, a responsabilidade que os dirigentes sindicais terão daqui para a frente de tentar estruturar uma nova relação, um novo pacto na legislação da relação entre trabalho e capital. Aqui no Brasil, nós temos uma imensa maioria de trabalhadores intermitentes, temporários, trabalhadores que não conhecem seu empregador, que sequer tem onde reclamar quando alguma desgraça acontece em suas vidas”, disse.
“Eu digo sempre aos meus amigos que era muito fácil fazer sindicalismo nos anos 1960, 70, 80, quando nosso contato direto com o trabalhador na porta da fábrica era muito grande. A gente sabia onde estava o trabalhador, onde estava o empregador e a gente sabia como brigar para poder enfrentar as adversidades do mundo do trabalho”, afirmou.
Lula saudou a retomada dos espaços democráticos de diálogo entre trabalhadores e governo federal, destacando que “há muito a gente não tinha nesse país um governo que tivesse o mínimo de compromisso para que tivesse contato com o povo trabalhador, não só do Brasil mas do mundo inteiro. Essa fotografia que vocês estão permitindo que seja registrada hoje, é uma fotografia histórica. Histórica porque o movimento sindical, a nível internacional, vive uma situação complicada, uma situação difícil”, afirmou Lula.
“Aqui no Brasil, o companheiro Marinho, que é ministro do Trabalho, sabe que ele tem a incumbência de tentar reconstruir a relação democrática que nós tínhamos estabelecido com o movimento sindical, e que foi praticamente destruído. Grande parte das conquistas que nós tivermos desapareceram e nós agora vamos ter que brigar outra vez, possivelmente com muito mais dificuldade, para que a gente possa restabelecer aos trabalhadores os direitos de voltar a viver com o mínimo de dignidade, sabendo que o trabalho vai lhe pagar um salário justo e que ele vai ter a certeza de que na velhice terá um sistema de seguridade que lhe dê proteção para que ele viva os últimos dias da sua vida com respeito e com dignidade”, enfatizou o presidente Lula.