“Não esqueceremos este crime”, clamam manifestantes em Atenas
Convocados pela Federação dos Trabalhadores nas Ferrovias e sindicatos a ela filiados, milhares de manifestantes superaram a forte chuva e se somaram nas ruas de Atenas, capital da Grécia, nesta quinta-feira (2), para exigir a punição dos responsáveis pelos 57 mortos no acidente fatal em Tempi.
Em frente aos escritórios da Hellenic Train – empresa privatizada e desnacionalizada – cobraram justiça para as vítimas, a grande maioria jovens. Estudantes que perderam a vida prensados no choque entre o trem de passageiros com o de carga na quarta-feira (1).
“No altar dos lucros do capital, a vida humana é sacrificada”, “Nossos mortos, seus lucros”, “Nossos mortos são sacrificados pelo lucro. Não é um erro, é um crime”, estampavam as faixas, de uma população que se mostra farta da política de privatizações e que acusa o governo de adotar políticas de favorecimento aos monopólios. No caso da malha ferroviária, exemplificaram, isso tem representado o completo abandono das medidas de segurança, com sobrecarga de trabalho para o pessoal, sem o mínimo investimento na infraestrutura ou na reposição de maquinário de segurança ou sinalização.
O representante da Federação dos Ferroviários afirmou que vão continuar com novas greves na próxima semana, procurando sempre marchar unidos com os estudantes e parentes das vítimas para fazer chegar à sociedade a informação sobre o que realmente está acontecendo, já que o governo tem procurado culpabilizar – e criminalizar – os ferroviários em suposta “falha humana”.
“Colegas, mais dois acidentes nos últimos dias foram adicionados à longa lista com as linhas 51 e 61 do trem, respectivamente, colocando em perigo imediato o motorista e os passageiros. Enquanto não forem tomadas medidas de proteção nos locais de trabalho e para a operação e circulação segura dos comboios, os acidentes não terão fim”, alertou o comunicado da Federação.
“SEGURANÇA DOS CIDADÃOS NÃO É PRIORIDADE DESTE GOVERNO”
De acordo com a organização dos ferroviários, “é escandaloso que estes sejam uma ocorrência quase diária sem que sejam tomadas medidas substanciais, não sejam feitas melhorias nas infraestruturas e na operação, não haja verificações nas partes envolvidas e nem procuradas responsabilidades”. “À semelhança dos governos anteriores, o atual tem outras prioridades que não é a circulação segura dos cidadãos. Eles veem a segurança como um custo”, sublinhou.
A Federação denunciou que o Ministério dos Transportes “encontra dinheiro para os vários empreiteiros, mas não para concluir a infraestrutura ferroviária e os sistemas de tráfego seguro! Nunca eles têm tempo”. Segundo a entidade, o governo e as empresas fazem com que a culpa seja de qualquer um, menos deles: “a culpa é dos fenômenos que são intensos e inundam a linha férrea, é culpa dos incêndios que deixaram toras queimadas, é culpa da neve, é culpa dos outros, é um pouco nossa culpa e é culpa de outra pessoa!”;
“CHEGA DE ACHINCALHE”
“Não vamos esperar o próximo acidente acontecer para vê-los derramando lágrimas de crocodilo, fazendo falsas declarações. Os Sindicatos da Estrada de Ferro e a Federação não vão mais tolerar essa situação perigosa. O que mais eles estão esperando para intervir? O que mais tem que acontecer? Questões de segurança devem ser colocadas na linha de frente. Eles precisam estar no centro das assembleias do local de trabalho”, assinalaram.
“É hora de julgar os responsáveis para pôr fim à indiferença”, concluíram.