O Brasil reafirmou, também, que tem compromisso democrático e humanitário e que buscará exercer um papel construtivo para solucionar a crise no país centro-americano, diz o representante diplomático do país
O representante do governo Lula no Conselho de Direitos Humanos da ONU, Tovar Nunes, declarou nesta terça-feira (7), em reunião do conselho em Genebra, que o Brasil se dispõe a receber cidadãos nicaraguenses que tiveram sua nacionalidade retirada pelo governo de Daniel Ortega.
O Brasil reafirmou também que tem compromisso democrático e humanitário e que buscará exercer um papel construtivo para solucionar a crise no país centro-americano.
“O Brasil está preocupado com relatos de sérias violações de direitos humanos e restrições ao espaço democrático naquele país, particularmente execuções sumárias, detenções arbitrárias e tortura contra dissidentes políticos”, afirmou o representante brasileiro na reunião, o diplomata Tovar Nunes, referindo-se aos mais de 300 cidadãos que perderam a nacionalidade nicaraguense.
Nunes disse que o Brasil está pronto para explorar maneiras de abordar a situação “de forma construtiva”, conversando com o governo nicaraguense e atores relevantes envolvidos. Na quinta-feira (2), o Brasil não assinou um relatório de um grupo de especialistas da ONU que acusou o governo da Nicarágua de cometer violações sistemáticas dos direitos humanos, as quais constituem “crimes contra a humanidade”.
O Brasil decidiu não aderir à resolução conjunta, liderada pelos EUA, por discordar da linguagem do documento e da política de sanções unilaterais impostas a diversos países pelo governo norte-americano. A avaliação na diplomacia brasileira, no entanto, é que a situação tem se agravado na Nicarágua e que ficar em silêncio não é uma opção aceitável.
Em 9 de fevereiro, o governo de Daniel Ortega libertou 222 opositores da prisão, expulsou-os para os Estados Unidos e retirou-lhes sua nacionalidade. Uma semana depois, 94 dissidentes já no exílio também tiveram sua nacionalidade cassada. Entre eles estão os escritores Sergio Ramírez e Gioconda Belli.