Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, publicamos artigo da Carol Stavris, secretária da Mulher do Partido Comunista da Grã-Bretanha, historiando a “longa e árdua luta das mulheres por emancipação, contra a opressão, e a pobreza e pela paz em um mundo perigoso e violento ainda sob o domínio imperialista”.
Em seu artigo, publicado nesta quarta-feira, pela passagem do dia 8 de Março, Stavris afirma que celebramos o movimento feminista em todo o mundo pela emancipação da mulher, movimento que tem contribuído para elevar a consciência dos povos rumo à libertação.
Seguem os melhores trechos do artigo publicado no jornal inglês Morning Star:
CAROL STAVRIS
O processo de industrialização começou na Grã-Bretanha no século 18 e se espraiou por outras partes do globo. A esmagadora exploração das mulheres trabalhadoras em fábricas desumanas as levou a se organizarem, enfrentando os patrões em poderosas lutas que obrigaram a mudanças econômicas e sociais.
A bem-sucedida ação que levou à greve de 1.400 mulheres operárias na fábrica de fósforos Bryant & May, localizada na região Leste de Londres em 1888, exigindo melhores salários e condições de trabalho foi inspiração para outras operárias se sindicalizarem e lutarem.
As mulheres nos países em desenvolvimento formam uma grande parte da força de trabalho. Elas têm se erguido para desafiar a superexploração.
Sofrendo de condições de trabalho draconianas e com salários desesperadamente pobres, nas condições das principais criadoras dos filhos e apoio a outros membros da família, mulheres na Ásia, África e nas Américas tem se colocado na linha de frente na união de cooperativas de camponeses, na formação de sindicatos e na organização de associação de trabalhadoras domésticas, tornando estas entidades em forças militantes na luta por melhores salários, condições de emprego e direitos das mulheres nos locais de trabalho.
As trabalhadoras rurais da Índia ao lado dos homens destas categorias, derrotaram a tentativa de um governo de direita de tentar entregar mais ainda dos recursos do país aos monopólios pela privatização do setor agrícola.
Muitas eram as ativistas na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos nos anos 1950 e 1960, que tomaram parte no boicote aos ônibus em Montgomery, no Alabama, e no movimento dos Viajantes pela Liberdade, jornadas que quebraram as leis segregacionistas nos Estados do Sul dos EUA. Muitas das que desafiaram aquele status quo, muitas vezes diante de uma reação violenta e ataques fatais por turbas racistas e forças repressivas do Estado, eram jovens mulheres do movimento estudantil.
E as dezenas de milhares de mulheres cuja prolongada e pacífica resistência em Greenham Common [Stavris se refere ao movimento dos acampamentos de protesto estabelecidos para deter a instalação de armas nucleares norte-americanas em uma base aérea localizada em Berkshire, Inglaterra. Movimento que perdurou de 1981 até o ano 2.000 com o fechamento da base e sua transformação em um sítio histórico] contra a instalação de mísseis cruzeiro dos EUA o que desafiou e expôs a colaboração do governo britânico com a máquina de guerra norte-americana e que continua a inspirar movimentos pela paz até os dias de hoje.
Em países onde sobrevieram ditaduras militares ou governos fundamentalistas hostis às necessidades e anseios das mulheres, em circunstâncias das mais adversas, as mulheres foram as pioneiras nas lutas por paz, justiça e democratização sob risco gigantesco a sua segurança pessoal e liberdade.
Agora que estamos diante de desastres em nível planetário, com tensão nas mudanças climáticas, afetando principalmente os mais pobres, a coragem e o exemplo das mulheres da região amazônica, na mobilização de suas comunidades indígenas para o confronto com as corporações multinacionais predadoras, que tencionam destruir as florestas tropicais puramente para ganhos comerciais, vivem uma luta em defesa de todos.
E mais, quando as mulheres participam na derrubada de um regime velho e reacionário, o fazem para abrir passo a um futuro progressista e com isso elevam o potencial de todos.
O envolvimento das mulheres na Revolução Cubana de 1959 foi essencial. Em todos os momentos, as mulheres estiveram na linha de frente, seja no movimento clandestino, integrando-se à luta armada e como parte da liderança revolucionária.
Preconceitos com base em estereótipos na mente de camaradas homens tiveram que ser superados. O objetivo político de Fidel Castro e outros no comando e liderança foi o de incluir as mulheres em todas as esferas da luta.
Sua certeza no poder das mulheres em luta pela Revolução não era apenas importante para as batalhas em andamento, mas para o futuro, para responder a toda a questão de que tipo de sociedade estavam lutando e para a definição do lugar das mulheres dentro dela.
O protesto das mulheres na Rússia, em 23 de fevereiro (8 de março em nosso calendário) nasceu da necessidade – pelo sufrágio, pelo fim da pobreza, do racionamento e da guerra, e era consciente das ideias revolucionárias.
Elas ignitaram uma crise política que culminou com a Grande Revolução Socialista de Outubro de 1917, que trouxe direitos às mulheres e mudou o mundo.
Nos países latino-americanos, buscando derrubar o jugo da dominação norte-americana, ao eleger governos de esquerda, mulheres ativistas, através de seus coletivos e movimentos, são vitais para pressionar por mudanças econômicas e sociais genuínas para trazer um fim à opressão sobre elas.
Na Grã-Bretanha, salários e condições de vida estão sendo forçados para baixo pelo movimento do capitalismo em busca de lucros crescentes, o que impacta de forma desproporcional a classe das mulheres trabalhadoras, assim que elas estão tendo uma participação destacada no atual gigantesco movimento sindical contra salários de pobreza e arrocho.
A luta por igualdade real deve ser reforçada. Alguns de nossos objetivos devem incluir salário igual para trabalho igual, deter a discriminação sexual nos locais de trabalho, tornando o transporte ao trabalho seguro para as mulheres, providenciando creches adequadas e facilitando o acesso à educação de qualidade para as mulheres e meninas.
A dupla opressão sofrida pelas mulheres e ainda tripla opressão quando se trata das irmãs negras ou asiáticas que sofrem racismo e discriminação, usadas como ferramenta para um sistema econômico direcionado ao lucro, deve ter fim.
A violência contra mulheres e meninas, endêmica em nossa sociedade e encorajada por uma mídia social que apoia a exploração precisa ser detida.
Nos voltamos para os países que tomaram o rumo do socialismo para os bons exemplos no tratamento das mulheres em sociedade e nos locais de trabalho e precisamos sublinhar e proclamar os ganhos positivos para as mulheres sob o socialismo em toda a oportunidade que tivermos.