Para o presidente Luís Arce, é uma conquista que permite “nova dimensão na luta contra o câncer”
A produção de radiofármacos por uma instituição científica nacional, iniciada nesta quinta-feira (9), possibilitará que a Bolívia “entre em uma nova dimensão” no combate ao câncer e a outras doenças graves, “reduzindo substancialmente a taxa de mortalidade”, destacou o presidente Luis Arce, ao lado de profissionais do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear de El Alto.
“Esses radiofármacos já são fabricados em nosso país por profissionais bolivianos e serão disponibilizados gratuitamente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Entramos em uma nova era em que usamos a tecnologia para dar esperança aos nossos pacientes com câncer”, declarou o mandatário. Segundo o presidente da nação andino-amazônica, a produção local permitirá o “acesso aos remédios e à detecção oportuna”, com medicamentos cada vez “mais especializados, que não só detectam, mas também começam a combater o câncer”.
“MARCO HISTÓRICO PARA BOLÍVIA”
“É um marco histórico para a Bolívia que nosso Complexo Cyclotron de Radiofarmácia Pré-clínica de El Alto tenha iniciado a produção soberana de radiofármacos Fluorodesoxiglicose-FDG para cuidar de pacientes com câncer na Rede de Centros de Medicina Nuclear e Radioterapia”, frisou.
Arce reiterou que investimentos indispensáveis como o Complexo Cyclotron são parte do Centro de Investigação e Desenvolvimento em Tecnologia Nuclear (CIDTN), que inclui também o Centro de Medicina Nuclear e Radioterapia.
O radiofármaco é um composto radioativo usado para o diagnóstico e tratamento do câncer. Quando é usado para diagnóstico, o paciente é injetado para observar o interior do organismo sem a necessidade de cirurgia e permite obter imagens da doença em nível molecular, enquanto o tratamento consiste em direcionar os radiofármacos para os tumores onde aderem firmemente. Eles podem fornecer as doses desejadas de radiação diretamente aos tumores e suas metástases, evitando assim que afetem o tecido saudável.
De acordo com a Agência Boliviana de Energia Nuclear (Aben), os radiofármacos também têm uma aplicação para o tratamento de doenças oncológicas, cardiológicas e neurológicas.
“REMÉDIOS VÃO CRUZAR FRONTEIRAS”
Algo que poderá se traduzir rapidamente em melhorias para o conjunto dos moradores da região, com a exportação a países que não têm acesso ao medicamento devido aos preços escorchantes cobrados pelo cartel transnacional. “A tecnologia que temos é tanta que há demanda de vários países para que nossos remédios possam cruzar fronteiras”, disse.
O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear de El Alto tem quatro componentes: o primeiro, que já entrou em operação, é o complexo pré-clínico ciclotron-radiofarmácia; posteriormente em construção estão o complexo de irradiação multiuso e seus laboratórios, o complexo do reator nuclear de pesquisa e seus laboratórios e o complexo de treinamento e capacitação.