Nesta quarta-feira (11) imagens divulgadas pelas autoridades tailandesas mostraram os 12 meninos e o treinador do time de futebol “Javalis Selvagens”, que foram resgatados de uma caverna alagada após 17 dias, em camas hospitalares em Chang Rai, usando máscaras cirúrgicas e acenando à câmera, assim como a emoção dos pais os observando através de um vidro. A Tailândia e o mundo inteiro estão comemorando o sucesso da arriscada operação, que reuniu 90 mergulhadores de elite e quase mil pessoas no apoio.
Em plena realização da Copa do Mundo, a odisseia dos “12 javalis” de idade entre 11 e 17 anos comoveu o planeta, atraiu atenções, preces e uma torcida imensa. O salvamento foi feito em três etapas, com quatro meninos retirados da caverna no domingo – os que estavam em melhores condições -, outros quatro na segunda-feira e os demais e o treinador, Ekarat Wongsukchan, de 25 anos, na terça-feira. Eles realizaram exames, receberam antibióticos, foram vacinados contra o tétano e a raiva e seu estado é considerado bom. Durante nove dias, os ‘javalis’ ficaram sem comida, e durante 17 dias, na escuridão e umidade. Eles foram encontrados no dia 2, pelo mergulhador inglês John Volanthen, amontoados em uma encosta lamacenta, quase quatro quilômetros caverna adentro.
Agora, começam a ser divulgados mais detalhes sobre o ousado resgate. Como assinalou o contra-almirante Apakorn Youkongkaew, que dirigiu os mergulhadores, a caverna “era diferente de tudo que já havíamos experimentado”. Durante 23 horas chegou a ser perdido o contato com duas equipes enviadas para a caverna. O ex-mergulhador militar e voluntário Saman Kunan, de 38 anos, morreu na fase inicial da operação, ao voltar de levar tanques de oxigênio para o resgate.
Após uma semana tentando bombear água da chuva para fora da caverna, por solicitação do comando da operação chegou um contingente de mergulhadores especializados em cavernas da Inglaterra, China, Austrália e EUA, e bombas mais potentes. “Nossas crianças não são incríveis?”, assinalou Youkongkaew, se referindo à bravura e tenacidade com que as crianças suportaram situação tão extrema, sem saber se a ajuda chegaria.
A queda do oxigênio para um nível perigoso e o temor de que os meninos entrassem em coma pela privação de oxigênio forçou a decisão de apressar o resgate. O outro fator foi a chegada das monções, a estação das chuvas torrenciais. “As crianças não teriam nenhum lugar para ficar. Eles tinham apenas um espaço de cinco metros por cinco metros, que seria gradualmente reduzido”, disse Narongsak Osatanakorn, chefe do centro de comando conjunto da operação. O líder do contingente chinês de socorristas, Wang Yingjie, disse que não tinha certeza, no início do resgate, se os esforços seriam bem-sucedidos. “Não tivemos escolha”, relatou durante almoço de confraternização em Mae Sai, o lugarejo de onde os 12 meninos vieram. Nos trechos sob água turva, os 12 meninos, que usavam máscaras de mergulho faciais, estavam presos a mergulhadores, que propiciavam o oxigênio a eles.
“Quando vi o primeiro menino [emergir], senti que terminamos um passo com sucesso. Ficamos felizes. Então, quando vi a segundo menino, achei que nosso plano estava funcionando”, acrescentou Wang. Ele saudou a cooperação entre os mergulhadores de diferentes países.
Outra marca da operação foi a recusa ao exibicionismo e ao clima de ‘montanha dos sete abutres’ tão característico da cobertura da grande mídia ocidental. As autoridades tailandesas protegeram os meninos e suas famílias das câmeras de televisão, não divulgaram os nomes dos que já haviam sido resgatados, em respeito às famílias, e o que havia para ser mostrado eram ambulâncias e helicópteros.
A.P.