Processo da PF em São Paulo apura tentativa de entrada ilegal no Brasil de pacote de joias “presenteado” pelo regime Saudita
A PF (Polícia Federal) negou acesso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao inquérito das joias. O processo da PF, em São Paulo, apura a tentativa de entrada ilegal no Brasil de pacote de joias “presenteado” pelo regime da Arábia Saudita ao ex-presidente da República e à ex-primeira dama.
Um dos pacotes foi barrado na alfandega e outro passou ilegalmente e foi entregue a Bolsonaro, que o levou consigo para os Estados Unidos.
“Trata-se de investigação que corre sob sigilo. O interessado não consta como investigado até o momento”, disse o delegado da PF Adalto Machado, chefe do inquérito, à defesa do ex-presidente.
É, no mínimo, curioso esse interesse de Bolsonaro no inquérito. Se ele diz que nada tem a ver com essa barafunda, por que está atrás de conhecer esse inquérito da PF? Estranho isto.
A informação foi enviada em resposta a pedido da defesa de Bolsonaro para ter acesso às informações. Os advogados do ex-presidente também informaram que ele enviaria ao TCU (Tribunal de Contas da União), como “fiel depositário”, o segundo pacote de joias, que teria entrado no Brasil sem ser declarado, segundo a Receita Federal.
PETIÇÃO À PF
“Requer-se, finalmente, que em se confirmando a existência de inquérito policial ou procedimento assemelhado nesta Delegacia, seja informada a numeração dos autos, bem como dado imediato e integral acesso aos patronos do peticionário a seu conteúdo, inclusive a eventuais diligências ainda não colacionadas aos autos, bem como autorizada a extração de cópias de eventuais documentos físicos acostados ou na pendência de serem”, está escrito na petição assinada pelos advogados Paulo Cunha Bueno e Daniel Tesser.
Os itens valiosos foram “presentes” da Arábia Saudita para a comitiva brasileira.
Parte desses, avaliada em R$ 16,5 milhões, acabou apreendida pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos (SP), porque não foi declarada.
O governo Bolsonaro tentou recuperá-las antes do então presidente embarcar para os Estados Unidos, mas não conseguiu.
OUTROS “PRESENTES”
Outra parte, avaliada em R$ 500 mil, entrou no Brasil sem ser detectada na alfândega e foi entregue furtivamente a Bolsonaro, contrariando o entendimento do TCU, que estabelece que presentes do tipo devem ficar com o Estado, e não com o ex-mandatário.
Após o caso vir à tona, Bolsonaro prometeu entregá-las ao TCU.
Na terça-feira (14), o ex-ministro das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque — que chefiava a comitiva — e ex-assessor foram ouvidos pela PF no inquérito.
Albuquerque disse às autoridades que as joias eram “presente de Estado e que não sabia o que havia no pacote que entrou no Brasil e acabou entregue a Bolsonaro”.
M. V.