Pontífice pede “respeito aos lugares religiosos” depois que o regime ucraniano ordenou aos monges ortodoxos deixarem, até 29 de março, o histórico mosteiro de Pechersk Lavra. Os clérigos de qualquer denominação “são o apoio do povo de Deus”, acrescentou
O Papa Francisco manifestou na quarta-feira (15) preocupação com a situação em Kiev Pechersk Lavra após as autoridades ucranianas ordenarem que os monges do icônico local cristão ortodoxo do país desocupem o mosteiro até 29 de março.
Francisco disse estar “pensando nos monges ortodoxos no Kiev Lavra” e pediu “às partes em conflito que respeitem os lugares religiosos”. Os clérigos de qualquer denominação “são o apoio do povo de Deus”, acrescentou.
PAPA APELA A TODAS AS IGREJAS POR PROTEÇÃO AOS MONGES
Na semana passada, o Patriarca Kirill, chefe da Igreja Ortodoxa Russa, lançou um apelo aos líderes cristãos de várias denominações e organizações internacionais sobre o “aumento acentuado na pressão do Estado sobre os cristãos ortodoxos na Ucrânia”.
Referindo-se a Kiev Pechersk Lavra, Kirill pediu “todos os esforços possíveis para impedir o fechamento forçado do mosteiro, o que levaria à violação dos direitos de milhões” de fiéis.
Em 10 de março, o Ministério da Cultura da Ucrânia alegou, sem fornecer nenhuma evidência, que a Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscou havia violado um acordo de 2013, segundo o qual o Estado lhes permitia administrar o local religioso.
Posteriormente veio a ordem aos clérigos de desocupar o mosteiro até 29 de março. O clero se recusa a obedecer.
O próprio Zelensky assumiu explicitamente a perseguição religiosa, chamando-a cinicamente de “medida para fortalecer nossa independência espiritual”.
Declaração a que a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, reagiu, sublinhando que “a liberdade de religião está sendo mantida como refém pelos bandidos” do governo ucraniano.
Durante anos, a Ucrânia experimentou tensões religiosas, predominantemente entre a Igreja Ortodoxa Ucraniana (OCU), apoiada pelo regime instaurado pelo golpe de Estado de 2014 em Kiev, e a Igreja Ortodoxa Ucraniana (UOC), que reiterou sua independência de Moscou depois que a Rússia lançou sua operação militar no país vizinho em fevereiro de 2022. Isso, no entanto, como observou a RT, não poupou a UOC de acusações de que apoia secretamente a Rússia, o que foi seguido por ataques a vários mosteiros ortodoxos em toda a Ucrânia, incluindo o próprio Lavra.