O governo brasileiro realizará uma visita no final do mês à China, encabeçada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a participação de diversos ministros e de uma ampla representação parlamentar e empresarial. A viagem é estratégica e busca firmar diversos acordos com o país asiático, especialmente na área de Ciência, Tecnologia e Inovação.
A ministra titular da pasta, Luciana Santos, acompanhará o presidente com objetivo de garantir quatro acordos. Eles devem ser destinados ao desenvolvimento de satélites (dando seguimento à cooperação entre os países no lançamento desses aparelhos), à cooperação na área de Tecnologia da Informação e Comunicação e para aproximar a Agência Espacial Brasileira e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais com órgãos chineses, além de ampliar os auxílios em pesquisa de nanotecnologia, computação quântica e 5G.
A ideia é qualificar a produção do Ceitec (Centro Nacional de Tecnologia Avançada), estatal que ficou famosa por produzir chips para monitoramento de gado e que foi sabotada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) que começou a encerrar as atividades da empresa.
Devido à crise mundial da produção de chips que acontece atualmente, o governo Lula tomou como prioridade da área a retomada do Ceitec.
A ministra já afirmou que o Brasil quer em seis meses começar a construir um novo satélite do Programa de Satélites de Recursos Terrestres (CBERS) com a China. “Nossa esperança é começar a construir o CBERS-6 nos próximos meses. Isso é essencial para fortalecer nossas agências de monitoramento da Amazônia e realizar estudos climáticos”, disse a ministra.
A ideia, afirmou Luciana Santos, é que o Brasil volte a ter seu papel de “protagonista” após o “desmantelamento” ocorrido durante a administração anterior.
“Estamos colocando o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação como protagonista das políticas públicas de ciência do governo federal, recuperando seu papel de indutor do desenvolvimento científico e tecnológico do país […] ao chegarmos ao Ministério, vimos o desmonte de políticas e o completo isolamento dos atores que integram o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação”, declarou a ministra do MCTI.
SATÉLITE SINO-BRASILEIRO
O CBERS é um programa de cooperação tecnológica entre China e Brasil para a produção de uma série de satélites de observação da Terra, que teve sua assinatura em 6 de julho de 1988 e o primeiro lançamento do satélite CBERS-1 em 1999.
Até o momento, a parceria já produziu quatro satélites, sendo o último lançado em 2019. O CBERS 5 e 6 estão encomendados, sendo o citado pela ministra o de número 6.
O Programa nasceu de uma parceria inédita entre Brasil e China no setor técnico-científico espacial. Com isso, o Brasil ingressou no seleto grupo de países detentores da tecnologia de geração de dados primários de sensoriamento remoto.
Um dos frutos dessa cooperação foi a obtenção de uma poderosa ferramenta para monitorar seu imenso território com satélites próprios de sensoriamento remoto, buscando consolidar uma importante autonomia neste segmento.
O Programa CBERS contemplou num primeiro momento apenas dois satélites de sensoriamento remoto, CBERS-1 e 2. O sucesso do lançamento pelo foguete chinês Longa Marcha 4B e o perfeito funcionamento do CBERS-1 e CBERS-2 produziram efeitos imediatos.
Ambos os governos decidiram expandir o acordo e incluir outros três satélites da mesma categoria, os satélites CBERS-2B e os CBERS-3 e 4, como uma segunda etapa da parceria Sino-Brasileira.
Mediante o sucesso do lançamento do CBERS-4, Brasil e China resolveram assinar um novo protocolo complementar para fabricação de um novo satélite do Programa CBERS: O CBERS 04A.
AGENDA PRESIDENCIAL
A agenda começa em Pequim e termina em Xangai. A cidade é sede do NDB, o banco dos Brics, cuja chefia deverá ser assumida pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) na presença de Lula. A China é a maior importadora de produtos brasileiros, principalmente os agrícolas. A relação é estratégica para os dois lados.
O encontro com o presidente chinês, Xi Jinping, está marcado para 28 de março em Pequim.
Dezenas de empresários e políticos devem acompanhar Lula na viagem. O número de representantes do setor produtivo pode se aproximar de 200. Além de Luciana Santos, políticos como os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), provavelmente estarão na comitiva. Junto na comitiva também estarão Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, Carlos Fávaro, ministro da Agricultura; Nísia Trindade – ministra da Saúde; Márcio Elias Rosa – secretário-executivo do Ministério da Indústria e Comércio; Jorge Viana – presidente da Apex; Celso Amorim – chefe da assessoria especial de Lula.