Relatórios do Ministério da Saúde apontam que, ao todo, 67 milhões de vacinas BCG, poliomielite, febre amarela, tríplice viral e contra a Covid-19 foram descartadas
Um novo levantamento do Ministério da Saúde aponta que o governo Bolsonaro não deixou vencer apenas vacinas contra a Covid-19, mas que seu plano era de sabotar o conjunto do programa de vacinação brasileiro.
Além das 39 milhões de doses contra o coronavírus vencidas, outras 28.604.735 doses de diversas vacinas tiveram que ser descartadas. A vacina BCG, a primeira vacina a ser aplicada nos recém-nascidos e que impede casos graves de tuberculose, é a campeã em desperdício e teve 11.809.800 doses vencidas.
A BCG está em falta em todo o território nacional, com diversas prefeituras sendo obrigadas a realizar racionamento do imunizante.
O desperdício gerou um prejuízo aos cofres públicos de R$ 250 milhões, que se somam aos outros R$ 2 bilhões jogados no lixo pelo governo Bolsonaro.
De acordo com dados da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, a quantidade de doses de vacinas desperdiçadas foi:
- BCG: 11.809.800 doses;
- Dupla viral: 10.230.220 doses;
- Pentavalente: 3.518.014 doses;
- Tetra e tríplice viral: 2.317.201 doses;
- Febre amarela: 365.305 doses;
- Influenza: 329.860 doses;
- Poliomielite: 31.335 doses.
A sabotagem do governo Bolsonaro à imunização das crianças fez com que estados e prefeituras tivessem que racionar ou suspender a vacinação em 2022 enquanto as doses da vacina venciam nos estoques do governo.
Ao mesmo tempo, a única fábrica autorizada a produzir a vacina BCG no Brasil, que pertence à Fundação Ataulpho de Paiva, no Rio, continua interditada para se adequar às normas sanitárias. A fundação já protocolou novo pedido na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que analisa as readequações feitas na fábrica, para a retomada da produção.
Segundo Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, muitos imunizantes venceram em janeiro e fevereiro deste ano. “Quando fomos fazer uma análise dos estoques, devido à validade muito próxima, foi impossível distribuir e fazer qualquer utilização delas”, disse Ethel Maciel.
De acordo com o governo Lula, ao assumir o Ministério da Saúde, a nova gestão precisou refazer contratos e novos pedidos dos imunizantes, já que a maioria deles não são produzidos aqui.
Devido à falta de imunizantes e ao desperdício, houve problemas na distribuição de vacinas aos estados e municípios. “O impacto disso é grande, porque nós estamos preocupados, no médio prazo, com algumas doenças, principalmente o sarampo e a poliomielite. Nós temos um risco real de circulação do vírus, e, no caso da poliomielite, de reintrodução do vírus no Brasil”, ressaltou Ethel Maciel.
ESTOQUES REDUZIDOS
Cinco estados e duas capitais já têm problemas de abastecimento. Dentre eles: Tocantins sem Tríplice Viral e Tetra Viral; Ceará sem BCG e Tríplice Viral; Mato Grosso sem Tríplice Viral; Goiás sem Tríplice Viral e Poliomielite; Santa Catarina sem Poliomielite Oral (VOP), Tríplice Viral e Hepatite B. Além das capitais, Manaus (AM) sem Tríplice viral e Febre Amarela e Maceió (AL) sem BCG.
As secretarias de Saúde do Brasil informaram que com os estoques reduzidos ou abastecimento irregular, estão se virando para vacinar ao menos as crianças.
“Estamos recebendo aproximadamente 40% da quantidade que a gente pede. Temos feito um trabalho de remanejamento e acompanhamento constante da quantidade de estoque em cada município. Para que a gente consiga rapidamente remanejar de um lugar para outro e não deixar qualquer município sem dose, sem crianças vacinadas, que estão procurando as unidades”, comentou Flávia Amorim, superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás.
O Ministério da Saúde estima que irá conseguir normalizar os estoques até abril e reforçar campanhas por todo o país em conjunto com estados e municípios
VACINAS DESPERDIÇADAS
Ao todo o governo Bolsonaro é responsável por 39 milhões de doses da vacina da Covid-19 que foram jogadas no lixo mais de 67 milhões de doses de imunizantes não foram utilizadas e venceram no estoque do Ministério da Saúde.
No total, o prejuízo foi de R$ 2,3 bi, considerando todos os imunizantes desperdiçados e os custos com incineração.
“É importante dizer que essas informações foram solicitadas pela equipe de transição. Mas infelizmente nós tivemos uma transição do governo que não trabalhou de forma alinhada, e nós não tivemos informação dessas vacinas, dos estoques, do que tinham, de data de validade, anterior, porque isso foi pedido em outubro de 2022. Se nós soubéssemos antes, o governo teria um plano para o que fazer”, explicou Ethel Maciel.
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