O presidente russo foi recebido pela população ao visitar as obras de restauração da cidade localizada no Donbass
O presidente russo Vladimir Putin visitou Mariupol de surpresa no domingo (19), depois de participar na véspera na Crimeia das comemorações pelo nono ano da reunificação com a Rússia. Mariupol tornou-se um símbolo do retorno do Donbass à Rússia, após intensos combates no ano passado, depois da cidade ser mantida por oito anos sob o jugo do Batalhão Azov e outros neonazistas. Na Crimeia, Putin conheceu o centro infantil de arte e estética (Escola de Artes) e o centro infantil Korsun (filial da Artek).
Em Mariupol, o presidente Putin conversou com a população, fiscalizou a reconstrução, rodou pela cidade de carro e ainda foi visitar uma das famílias. Ele voou para a cidade de helicóptero e depois dirigiu pelas ruas ao volante de um carro, se movendo no trânsito com o resto dos motoristas, praticamente sem escolta.
Ao inspecionar as obras de construção e restauração em Mariupol, o presidente foi acompanhado pelo vice-primeiro-ministro Marat Khusnullin. A iluminação das estradas foi totalmente restaurada, novos semáforos foram instalados e as praças foram ajardinadas. Mesmo antes do inverno, a calefação foi restaurada em muitos edifícios. Um hospital com 300 leitos será inaugurado em breve.
Vladimir Putin também conversou com os moradores de Mariupol, no microdistrito de Nevsky, e foi até a casa de uma das famílias a convite deles. Um dos moradores lhe disse que agora o lugar é “um pedacinho do paraíso”.
Especial atenção foi dada à Filarmônica, restaurada, segundo Khusnullin, “literalmente em três meses”. O vice-primeiro-ministro disse ainda que foi tomada a decisão de preservar a sua aparência durante a restauração do centro da cidade.
No Ocidente a mídia reagiu à visita de Putin à Crimeia e ao Donbass, com alguns veículos publicando elocubrações sobre o que isso “significaria”. Coube ao New York Times o comentário mais histérico, de que foi “um gesto desafiador” que “pode ser interpretado como um insulto ao Tribunal Penal Internacional”.
Sem tanta ânsia de passar recibo, a CNN optou por interpretar que a visita visa “demonstrar ao mundo inteiro que Putin não está sentado no Kremlin e está focado em restaurar a cidade”.
Na verdade, como observou o deputado do Donbass, Vladislav Berdichevsky, “Mariupol está localizada a 150 km da linha de contato e o perigo de bombardeio das Forças Armadas da Ucrânia ainda permanece”.
Ele acrescentou que a visita de Putin “causou um verdadeiro uivo no segmento ucraniano das redes sociais”. Chegaram ao absurdo postarem que “supostamente não é Mariupol, mas uma cidade completamente diferente”, comentou sarcasticamente.
Para a cientista política Larisa Shesler, a visita enfatizou que “Donbass é a Rússia”. “Vemos como literalmente diante de nossos olhos toda a infraestrutura da cidade está sendo revivida – edifícios residenciais, instituições médicas, estradas e instalações industriais. Tudo isso gera otimismo entre a população local. E a visita do presidente contribui muito para isso”.
“É digno de nota que o presidente veio para Mariupol depois da Crimeia. O Ocidente, apesar das declarações feitas de lá, já entendeu que a Rússia não desistirá da península em hipótese alguma. E a viagem ao Donbass, por assim dizer, mostra que é possível colocar um sinal de igualdade entre essas regiões”, destacou Shesler.