Declaração do presidente ocorre após mobilização dos estudantes pela revogação da reforma que precarizou o ensino
O presidente Lula (PT) afirmou que o governo apresentará uma nova proposta de currículo para o Ensino Médio após debater com a sociedade. O anúncio ocorre após protestos estudantis pela revogação imediata da reforma do ensino realizada durante o governo Temer e que precarizou o acesso à educação pública de qualidade.
Em seu perfil no Twitter, Lula disse que conversou com o ministro da Educação, Camilo Santana, para mudar a reforma do ensino médio. De acordo com o presidente, Camilo fará um debate com alunos e professores para a construção da proposta.
Em entrevista à TV 247, também nesta terça-feira (21), Lula afirmou que está acompanhando as críticas à mudança e que o assunto será debatido com educadores e estudantes. “Não vai ser do jeito que está. Para que a gente possa fazer uma coisa que seja agradável para o governo, mas também aos estudantes”, disse.
A reforma do ensino aprovada em 2017, durante a gestão Michel Temer (MDB), por meio de medida provisória e batizada de “Novo Ensino Médio” e criou uma carga horária flexível na grade curricular dos alunos reduzindo para 60% a quantidade de disciplinas obrigatórias, como matemática e português, excluindo conteúdos como história, geografia e sociologia. No lugar dessas disciplinas, foram implantados os chamados “itinerários”, que ocupam os outros 40% da grade.
Ocorre que os itinerários não possuem qualquer regulamentação indo de aulas empreendorismo (mentalidade rica x mentalidade pobre), passando por oficinas de RPG e indo a locais curiosos como aulas de como fazer brigadeiro.
Os estudantes se posicionaram contra a reforma do Ensino Médio desde o início da implementação, denunciando fortemente a precarização do ensino público. Agora, com o governo Lula, viram a oportunidade de revogar a reforma e implementar um novo currículo vinculado com as necessidades brasileiras.
Entidades estudantis, sindicatos e do movimento social fizeram uma série de protestos neste mês de março.
As associações de professores também se queixam da sobrecarga dos docentes, que são obrigados a ministrar as novas disciplinas.
Lula disse já ter se reunido com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) para discutir propostas da categoria. O governo, no entanto, ainda não apresentou um esboço das alterações que podem ser feitas na reforma.
QUEREMOS UM ENSINO MÉDIO COM INVESTIMENTO
O presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES-SP), Lucca Gidra, considerou que a fala do presidente Lula demonstrou uma sensibilidade com a reivindicação dos estudantes e abriu espaço para o diálogo por um Ensino Médio de qualidade.
“Foi uma fala importante a do Lula, que demonstrou uma sensibilidade com o que os estudantes, com que a comunidade escolar e a sociedade têm reivindicado – que a revogação dessa reforma e a proposta de uma nova lei. Uma lei que realmente contempla o interesse dos estudantes e também os interesses do nosso país”, disse Lucca.
O líder estudantil pondera que “é preciso avaliar a qual vai ser proposta trazida pelo governo e que seja uma proposta, como o presidente mesmo disse, que de fato seja elaborada e debatida com os mais interessados numa educação boa, que são os estudantes”.
Lucca ressalta que os estudantes precisam estar organizados e mobilizados em defesa da educação.
“Vamos continuar nas ruas e nas escolas, discutindo que proposta e qual é o ensino que a gente quer – que com certeza, é um ensino com investimento, um ensino com educador dentro das salas de aulas, com uma capacitação adequada aos professores, um ensino que a gente consiga ter a formação completa para sermos verdadeiros donos do nosso destino, escolhendo a área que seguir”, destacou.
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