Entusiasta da cloroquina no tratamento da Covid-19 e “bolsonarista raiz”, Hiran Gallo, presidente do CFM, iniciou campanha contra o programa do governo que visa levar saúde aos grotões do Brasil
O jornalista Ricardo Noblat registrou, neste domingo (26), em sua coluna no jornal Metrópole, que o Conselho Federal de Medicina (CFM ) iniciou uma orquestração contra o novo programa “Mais Médicos”, lançado recentemente pelo governo Lula com o objetivo de levar atendimento de saúde aos rincões mais distantes a abandonados do país.
Conhecido nos corredores dos hospitais e faculdades de medicina como “Conselho Nacional da Cloroquina”, o órgão, que perdeu o respeito dos médicos, afrontou a ciência por ocasião da pandemia e respaldou, contra toda o saber médico, contra pareceres da Organização Mundial da Saúde e de todas as associações de especialistas do país e do mundo, o obscurantismo do governo Bolsonaro que queria usar a cloroquina no tratamento da covid-19.
Durante a pandemia, o Conselho de Medicina, num parecer que estava totalmente em desacordo com a ciência, apoiou o uso por Jair Bolsonaro de cloroquina em pacientes com Covid-19.
O efeito terapêutico da droga no tratamento da covid-19 não havia se confirmado em nenhum lugar do mundo. Todos os trabalhos científicos sérios mostraram a ineficácia da cloroquina no tratamento da doença. A OMS não aprovou o seu uso na pandemia.
A atitude criminosa de Bolsonaro, apoiado pelo CFM, de insistir no uso da droga, além de abandonar e combater as medidas sanitárias, acabou provocando a morte de quase 700 mil brasileiros, sendo que mais da metade dessas mortes poderiam ter sido evitadas, caso o governo não tivesse adotado o negacionismo científico.
Não satisfeito, o presidente do CFM, Hiran Gallo liderou também durante a pandemia uma campanha contra o uso de máscara contra a disseminação do vírus. Servindo a Bolsonaro, que se recusava a usar máscara e defendia a “imunidade de rebanho”, ou seja, a política genocida de deixar a população se infectar para adquirir “imunidade natural”, a entidade também criticou a obrigatoriedade do uso de máscaras. Fez isso num documento dirigido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Só para se ter uma ideia do nível a que chegou o CFM, em agosto do ano passado, o conselho abriu as portas para o então presidente Jair Bolsonaro discursar contra a ciência e contra a democracia.
E mais recentemente, segundo Noblat, a vice-presidente do CFM, Rosylane Rocha, na interinidade como presidente, exaltou os atos antidemocráticos do 8 de janeiro. O jornalista lembra que a médica publicou uma foto no Instagram do momento em que os terroristas subiam a rampa do Congresso e escreveu: “Agora vai”, na legenda.
É essa gente que está contra a ampliação da atenção em saúde para a população mais desassistida do país. Na última sexta-feira (24), Gallo teve um encontro com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e, segundo nota do CFM, a entidade disse que é contrária à permissão de que portadores de diplomas de medicina obtidos no exterior, que não foram aprovados em exame de revalidação (Revalida), recebam autorização para o exercício da profissão em território nacional.
Esse é o pretexto do bolsonarista empedernido para ser contra o programa. Finge estar defendendo a “qualidade” do atendimento, mas o que ele quer mesmo é sabotar o programa. Ele não diz nenhuma palavra sobre a prioridade do programa para médicos brasileiros. Finge desconhecer que o governo afirmou só lançará mão de médicos estrangeiros, naqueles lugares onde os médicos brasileiros não quiserem ir.
Ele silencia sobre isso tudo. “Não podemos abrir mão de pontos essenciais. Da qualidade da prática médica. Desde o dia 20 (lançamento do programa) o CFM está em alerta”, segue o “Dr. Cloroquina”.
O “desinteressado” apoiador de Bolsonaro disse que “o Brasil tem médicos em quantidade suficiente para atender a população, inclusive em programas governamentais”. Ótimo, então está tudo resolvido. Como o governo está priorizando os brasileiros e lançou estímulos para os eles se fixem nas comunidades, o novo programa, então, será um sucesso. Hiran Gallo e todo o bolsonarismo, no entanto, torcem para que não dê certo. Afinal, essa gente de extrema direita não está, e nunca esteve, nem aí para as necessidades da população brasileira.
S.C.