Imediatamente após o anúncio da demissão do ministro Yoav Gallant, que se opôs ao golpe de supressão do Judiciário, manifestações tomaram as ruas de 150 cidades. Há bloqueios de estradas em diversos pontos de Israel. Comandante da polícia de Tel Aviv adere aos manifestantes
Assim que foi anunciada a demissão do ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, as ruas centrais de Tel Aviv e mais outras 150 cidades foram tomadas por manifestantes em solidariedade ao ministro que pedira de público ao primeiro-ministro Netanyahu que suspenda o processo de votação da lei que extingue o poder Judiciário ao tirar prerrogativas centrais da Corte Suprema de Israel.
A iniciativa de Gallant surgiu diante das declarações conjuntas de milhares de militares da reserva das forças armadas israelenses de que não se apresentaram em suas guarnições enquanto seguir a ameaça de golpe ditatorial de Netanyahu e sua coalizão.
SUBLEVAÇÃO
A notícia da demissão do ministro da Defesa atuou como o rastilho de pólvora que veio a sublevar a sociedade israelense. A grande surpresa destes atos que acontecem em Israel e atravessam a noite deste domingo, 26, é a sua realização espontânea, ou seja, há a sensação de premência de defesa que toma conta da sociedade israelense mediante o desvario sem limites de Netanyahu.
As manifestações deste fim de semana mostram uma elevação da disposição de combate dos manifestantes:
Uma multidão se concentra diante da residência oficial do primeiro-ministro em Jerusalém:
Neste sábado já haviam ocorrido manifestações que somaram 600 mil pessoas por todo o país.
O pronunciamento do militar da resera, Eyal Naveh, sintetizou o sentimento e a percepção do conjunto dos manifestantes que tomam as ruas de Israel por 12 semanas consecutivas:
O reservista Naveh não está só. Já são milhares de reservistas que declararam sua recusa em atender a qualquer chamado dos chefes militares de suas guarnições a se apresentarem enquanto permanecer o processo legislativo com o qual o governo fascista busca golpear o sistema que garante o mínimo de direitos democráticos aos israelenses. Entre as declarações conjuntas, surpreendeu a que reuniu mais de cem pilotos, elemento central no sistema militar israelense.
UNIVERSIDADES EM ISRAEL DECLARAM GREVE POR TEMPO INDETERMINADO
Todas as universidades israelenses anunciaram – ainda neste domingo – que estão em greve por tempo indefinido em protesto contra a arremetida de Netanyahu contra o Judiciário.
A decisão foi tomada em reunião de emergência de todos os vice-reitores das instituições de ensino superior do país, incluindo aulas e pesquisas e convoca à greve professores, alunos e funcionários.
O presidente da Central Sindical israelense, a Histadrut, Arnon Ben David, encontrou-se com líderes sindicais no domingo e já informou de sua intenção de convocar uma entrevista coletiva diante do fato de que Israel vive uma crise que ameaça “a segurança e a unidade social do país”.
“Chamo o primeiro-ministro Netanyahu a parar em nome da unidade do país”, declarou Arnon – que tem participado dos protestos em Tel Aviv – assim que soube da demissão do ministro da Defesa.
Os presidentes de 23 Conselhos Municipais (equivalente às nossas Câmaras Municipais) se declararam em greve de fome contra a “blitz legislativa” de Netanyahu em sua disposição de suprimir o Poder Judiciário israelense.
CÔNSUL GERAL DE ISRAEL EM NOVA IORQUE RENUNCIA
Asaf Zamir, Cônsul Geral de Israel em Nova Iorque, anunciou sua demissão quando foi informado da demissão de Gallant e declarou “Me levanto por aquilo que é certo e lutarei pelos valores democráticos nos quais acredito”.
EX-PREMIÊ YAIR LAPID: “NETANYAHU É UM PERIGO PARA ISRAEL”
O ex-premiê Yair Lapid, que vem se tornando o líder da vasta oposição ao descalabro golpista de Netanyahu declarou que o primeiro-ministro “é um perigo para Israel”.
Para ele, “demitir Gallant, porque ele expressou grave preocupação com a segurança de Israel é mais um voo baixo deste governo que ignora todos os alertas e coloca o país em perigo”.
“Netanyahu pode demitir Gallant, mas ele não pode demitir a realidade ou o povo de Israel que está se colocando na linha de frente para resisitir à loucura desta coalizão”, acrescentou Lapid.
MULTIDÃO JÁ TOMA A FRENTE DO PARLAMENTO À VÉSPERA DA VOTAÇÃO
A votação que está prevista para esta segunda-feira já deve ocorrer com uma multidão cercando o parlamento já com a frente tomada neste domingo à noite:
Recebemos vídeo enviado por israelense que mostra que o comandante da polícia na região de Tel Aviv aderiu aos protestos e se coloca à frente da marcha dos manifestantes na avenida Ayalon: