A campeã olímpica russa de esqui, Veronika Stepanova, mandou “para o inferno” o Comitê Olímpico Internacional (COI) depois que este interviu fazendo recomendações às Federações Internacionais (FIs) que fiscalizassem os atletas russos quanto a seu apoio a ação russa na Ucrânia.
A manifestação de Stepanova veio assim que o COI instou as Federações Internacionais (FIs) a criar ‘comissões especiais’ para analisar declarações públicas de atletas russos. Qualquer um que demonstrasse apoio de alguma forma à operação militar de Moscou na Ucrânia seria impedido de competir nos eventos esportivos internacionais.
Stepanova, campeã olímpica de inverno de Pequim no revezamento 4x5km feminino, na modalidade cross-country, disse que a disposição era totalmente inaceitável.
“Você não iria para o inferno com todas as suas condições e recomendações, querido COI? Não permitirei que nenhuma ‘comissão internacional’ analise minhas opiniões e crenças e decida se me deixará ir às Olimpíadas. Vá e corra então. E posso apenas repetir o que tenho dito durante todo este ano: Vamos superar todas as dificuldades. Certamente e sem dúvida”, declarou Stepanova.
A estrela de esqui de 22 anos tem criticando além do COI, os organizadores do festival de esqui Blink na Noruega.
O conjunto de “recomendações” do COI direcionados aos atletas russos e bielorrussos foi divulgado na terça-feira (28). Ao mesmo tempo em que os rebaixa a competir como neutros, não como representantes de seus países, o órgão os barra de competições por equipes, bem como desclassifica aqueles ligados aos militares dos dois países ou a algum de seus órgãos de segurança.
“CONDIÇÕES IRRACIONAIS NULAS E EXCESSIVAS”
As condições já foram rejeitadas pelo Comitê Olímpico Russo (ROC), com seu chefe, Stanislav Pozdnyakov, descrevendo-as como “irracionais,
legalmente nulas e excessivas” e afirmando que elas realmente violam os próprios princípios do COI e potencialmente equivalem a abuso dos direitos humanos.
“Uma discriminação óbvia com base na nacionalidade, uma violação dos direitos humanos e civis básicos, que tem sido repetidamente observado por especialistas humanitários internacionais, incluindo especialistas em direitos humanos da ONU, nos últimos meses. É significativo que a posição deles seja quase completamente ignorada”, diz o comunicado no site oficial da organização.
Quanto à proibição da participação de russos em competições por equipes, aqui, segundo o representante do ROC, há discriminação dos atletas não só pelo passaporte, mas também pelas disciplinas que representam. E Pozdnyakov chamou a exigência de não permitir que atletas que estão nas agências militares e policiais ou tenham relações contratuais com eles uma tentativa de dividir a comunidade de atletas russos, dividi-los em “aceitáveis” e “outros”. Tudo isso, em sua opinião, pode trazer prejuízos para a indústria esportiva do país como um todo.
Até agora não há uma posição unificada das federações esportivas russas sobre se concordarão com a participação de atletas nessas condições. De acordo com o dirigente da União Russa de Biatlo (esqui e tiro), RBU, Viktor Maygurov, uma posição unificada sobre o assunto deve ser desenvolvida pelo Ministério do Esporte, ROC e federações. “Somos uma equipe e vamos fazer tudo juntos”, sublinhou.