Abimaq destaca medidas do governo no sentido de promover a reindustrialização e a redução no custo do crédito. Com a atual taxa de juros para os setores mais dependentes de financiamento, como o de máquinas para a indústria de transformação, o quadro é incerto, alerta a entidade
O setor de máquinas e equipamentos, no mês de fevereiro, em relação a fevereiro de 2022, sofreu uma queda de 7,8%. É a nona queda consecutiva no período. Ainda que tenha obtido um aumento de 7% na comparação com janeiro imediatamente anterior, anulando em parte a queda registrada deste mês, o setor encerrou o 1º bimestre de 2023 com um total negativo de 7,1% na receita líquida de vendas. Os dados são Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ)
Para o ano de 2023, o quadro é incerto, segundo a entidade. E o principal fator está no comportamento do crédito. Suas taxas de juros exorbitantes, as retrações de acesso aos recursos impostos pelos bancos, entre outras dificuldades.
Na mensagem divulgada pela Abimaq na terça-feira (28), “setores produtores de bens, cujo consumo depende menos de crédito – como é o caso dos produtores de bens de consumo não duráveis e de infraestrutura – deverão registrar melhores resultados; enquanto setores mais dependentes da taxa de juros — como o de máquinas para agricultura e máquinas para a indústria de transformação – resultados piores”. A afirmação não deixa dúvidas sobre a condição crucial do crédito na atual situação de mercado do setor.
Cristina Zanella, diretora de competitividade, economia e estatística da entidade, assinala que “algumas medidas previstas pelo governo federal, visando fomentar o processo de reindustrialização, a agenda de competitividade baseada na reforma tributária e redução do custo de créditos aos investimentos, poderão, por outro lado, resultar em melhora da confiança nos setores produtivos, em especial no segundo semestre”.
As exportações e importações têm representado um progressivo aumento nos negócios de setor. O setor exportou mensalmente uma quantia superior a US$ 1 bilhão em máquinas e equipamentos, e acumulou um crescimento de 32% no primeiro bimestre do ano. Uma boa performance no primeiro bimestre de 2023.
“Este movimento de alta permeou praticamente todos os setores produtores de máquinas e equipamentos. É o que tem ajudado a amortecer a queda das vendas no mercado doméstico”, destaca Zanella.
Trata-se de um bom momento atravessado pela parte exportadora do setor de máquinas e equipamentos, onde foram observados resultados próximos ao do melhor período de desempenho, ocorrido em 2012.
Ainda que resolva, em alguma medida, a sobrevivência das atividades de fabricação de máquinas e equipamentos, o mercado externo tende a ser mais inseguro do que uma economia doméstica em crescimento compatível às necessidades da sociedade, que é o próprio propósito da sua organização. A falta ou pequeno crescimento do mercado interno é preocupante.
Pelo lado das importações, a compra de máquinas e equipamentos apresentou déficit de 4,2%, comparado com o mesmo período do ano anterior, e 11,9% abaixo do valor das importações de janeiro de 2023. “De forma geral, se observa, também pelo lado das importações, desaceleração dos investimentos em máquinas e equipamentos neste início de ano”, observa Cristina.
No mês de fevereiro deste ano, o setor de máquinas e equipamentos atuou com 77,6% da sua capacidade instalada – 2% abaixo do nível observado em fevereiro de 2022. Atualmente, o setor possui uma carteira equivalente a 10,7 semanas de atividade, mas é 5,4% inferior à de fevereiro do ano passado.
O setor de máquinas e equipamentos ampliou o número de empregados, contando mais de quatro mil pessoas. No mês de fevereiro, houve alta de 0,5% na comparação mensal, atingindo o número de 394 mil pessoas empregadas.