Cheque especial aumenta para 137,4% e juros do cartão de crédito vão a 417,4%
O arrocho no crédito provocado pelos juros altos com aval do Banco Central, que mantém a Selic em 13,75%, a maior do mundo, atingem em cheio o setor produtivo e milhões de famílias brasileiras. Segundo dados do Banco Central, divulgados na quarta-feira (29), a taxa média de juros cobrado no chamado “crédito livre” subiu em fevereiro para 44,2% ao ano, o maior patamar desde 2017. Para as empresas, a taxa média de juros situou-se em 24,2%, enquanto nas realizadas com as famílias alcançou 58,3% a.a.
De janeiro para fevereiro, as linhas mais usadas pelos consumidores, já com recordes de inadimplência, e renda apertada, dispararam. No cheque especial o aumento foi de 131,1% para 137,4%. No rotativo do cartão de crédito, a taxa subiu de 411,4% para 417,4% ao ano.
Com a economia patinando sob efeito dos juros altos, a busca pelo crédito para recompor a renda e ou quitar dívidas vem crescendo. O endividamento das famílias com o sistema financeiro, segundo o Banco Central, alcançou 48,8% em janeiro, assim como cresceu a inadimplência. O comprometimento da renda dos brasileiros com os bancos está em 27%.
Em fevereiro, as concessões nominais de crédito somaram R$ 421,9 bilhões. Nas séries com ajuste sazonal, o fluxo de novas contratações diminuiu 2,2% no mês. Se para as pessoas físicas houve elevação de 0,8%, para as empresas a retração foi grande, de 4,4%. Com juros elevados, não há investimentos, não há produção, não há consumo.
O “crédito livre” exclui, por exemplo, o consignado e o financiamento imobiliário. Não à toa, foi grande a pressão dos bancos contra a redução dos juros no crédito consignado aos aposentados e pensionistas do INSS.