Os locais mapeados com mais votos para Lula foram exatamente os pontos onde ocorreram os bloqueios da PRF no dia da votação do segundo turno. Documento de inteligência mapeou pontos em que o presidente Lula teve mais votos no 1º turno
A PF (Polícia Federal) descobriu, por meio de investigação, documento que detalha locais onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o mais votado no 1º turno das eleições, que teria sido produzido pelo ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, para orientar os bloqueios realizados pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), no 2º turno das eleições, com objetivo de impedir eleitores do petista de votar.
Isso é o que se poder chamar de “batom na cueca”, no processo de investigação, que não compromete apenas o ex-ministro da Justiça. Isto, porque, ele não fez esse trabalho sozinho. Há, por óbvio, cadeia de comando que provavelmente chegará no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Sobre esse episódio, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) tuitou: “É um crime contra a democracia, com provas concretas, perpetrado pelo aparato do Estado contra uma parcela específica da população. Esse atentado não pode ficar impune. E não há como punir Anderson e não responsabilizar seu chefe. CADEIA PARA BOLSONARO!”.
O documento foi produzido pela então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a delegada federal Marília Alencar, que posteriormente se juntou a Torres na Secretaria de Segurança do Distrito Federal, como subsecretária de Inteligência.
PLANO QUE DARIA A VITÓRIA A BOLSONARO
De acordo com investigadores, o material foi utilizado para colocar em prática plano que daria a vitória das eleições para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas, para o bem do Brasil, a plano torpe fracassou e Lula foi eleito com mais de 60 milhões de votos.
Foi constatado que os locais mapeados com mais votos para Lula foram exatamente os pontos onde ocorreram os bloqueios da PRF. As interdições só cessaram depois que o ministro Alexandre de Moraes interveio e ameaçou de prisão o então superintendente da PRF, Silvinei Vasquez.
A descoberta do documento complica a situação de Anderson Torres, que está preso desde os atos terroristas de 8 de janeiro, em Brasília.
Na casa dele, a PF encontrou a minuta golpista, que defendia a decretação de Estado de Defesa no TSE para mudar o resultado da eleição presidencial e dar a vitória a Bolsonaro.
“DOSSIÊ ANTIFASCISTA”
Marília Alencar foi convocada a depor na CPI dos Atos Antidemocráticos na CLDF (Câmara Legislativa do Distrito Federal). Questionada sobre as simpatias dela pelo ex-presidente, ela negou ser bolsonarista.
O caso chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal), que considerou o “dossiê antifascista” elaborado por Marília em 2020 “desvio de finalidade no uso da máquina pública para produção e compartilhamento de informações” sobre servidores que se opunham ao governo Bolsonaro.
À época, o Ministério da Justiça tinha à frente o hoje ministro do STF André Mendonça.
O deputado distrital Chico Vigilante (PT), presidente da CPI, destaca a ligação de Marília com Torres e afirma que, para ele, está claro que eles tentaram atrapalhar as eleições e planejaram dificultar a chegada dos eleitores às urnas, e que depois se aliaram para dar golpe de Estado, dia 8 de janeiro.
MAIS EVIDÊNCIAS
A PF apura, ainda, viagem de Torres à Bahia, às vésperas do 2º turno das eleições presidenciais de 2022, sob pretexto de reforçar o contingente da PF no Estado contra supostos crimes eleitorais — como, por exemplo, compra de votos.
Na ocasião, Torres pediu pessoalmente à superintendência da PF da Bahia que atuasse em conjunto com a PRF, que, como é praxe, deveria fazer a fiscalização comum de rodovias. Mas, segundo investigadores ouvidos pela imprensa, estava pautada para interromper o fluxo de eleitores na região a fim de prejudicar a eleição de Lula.
A Bahia, como é de conhecimento público, é um dos estados onde o presidente Lula tem a maior votação na região. Para se ter uma ideia, no 1º turno, Lula obteve 69,7% dos votos no Estado, enquanto Bolsonaro teve 24,3%. No 2º turno, pouco mais de 2 milhões de votos garantiram vantagem e vitória de Lula na eleição presidencial.
A presença de Torres na Bahia chocou investigadores ouvidos, à época, pela imprensa, e é classificada como pressão do governo Bolsonaro à Superintendência Regional para favorecer o então presidente da República com o uso da máquina.
A PF é polícia judiciária e tem como uma de suas missões a realização de investigações. A PRF é polícia ostensiva, e atua, por exemplo, na fiscalização de rodovias.
M. V.
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Anderson Torres isto não é ministro e sim um pau mandado atitude de um mero capanga esteve em todos os atos criminosos praticados por Bolsonaro, para que haja justiça ambos precisam responderem por seus crimes que são dezenas o Bozo está sem saída.