Os Estados Unidos entraram em conflito comercial com Ruanda, um dos países com menor PIB no continente africano, (US$ 9 bilhões).
O motivo é que o governo ruandês resolveu elevar a tarifa de importação para roupas usadas vindas dos EUA, para apoiar a produção local de vestuário.
O aumento da tarifa foi de US$ 0,25 para US$ 2,50 por quilo. A elevação da tarifa integra o esforço governamental de fazer crescer a economia local que sofreu intensamente durante a guerra civil de 1994.
Diante da medida, um representante do governo norte-americano, segundo informa a agência de notícias RT, advertiu o governo de Ruanda de que este perderia ‘benefícios’ entre eles os advindos do AGOA, Lei de Crescimento e Oportunidade para a África, que define legislação comercial com a África. O comércio de roupas usadas rende aos EUA somente US$ 17 milhões, mas o que está em jogo é o ‘mal exemplo’ que a medida do país africano representa.
O professor da Universidade de Ruanda, Christopher Kayumba, declarou, em entrevista à agência Deutsche Welle, que “do ponto de vista legal os EUA poderiam impor uma penalidade dentro da lei AGOA, pois está previsto que os países africanos a exemplo de Ruanda devem remover todas as barreiras a produtos dos Estados Unidos para poderem exportar para lá”.
No entanto, “o espírito declarado da lei é o de ajudar países pobres a se desenvolverem. Por isso surpreende que um país tão grande e rico como EUA insista em exportar roupas de segunda mão a países tão pobres quanto Ruanda”, prossegue o professor. Na verdade, dadas as ganância e arrogância imperiais norte-americanas, nada disso surpreende nem um pouco.
O vice-diretor da Representação de Comércio dos Estados Unidos, C.J. Mahoney declarou que “as determinações do presidente reforçam seu compromisso com o fortalecimento de nossas leis de comércio garantindo a justiça em nossas relações comerciais”, ao informar ao governo de Ruanda que este tinha 60 dias para voltar atrás na elevação das tarifas de importação. O país recusa-se a voltar atrás em sua decisão.
“Estamos colocados em uma situação em que temos de fazer escolhas; escolher ser um receptor de roupas usadas ou fazer com que nossas indústrias têxteis se desenvolvam”, afirma o presidente de Ruanda, Paul Kagame, no início de junho. “Até onde eu entendo, fazer a escolha certa é muito simples”, completou.
A medida de Ruanda foi tomada em comum acordo com países reunidos no encontro da Comunidade Leste Africana, em 2016 e foi anunciada, junto com Ruanda, por Uganda e Tanzânia. Ruanda manteve a decisão, mas os outros dois países recuaram diante da pressão de Trump e seu governo.