Preços internacionais do petróleo subiram 6,31% após anúncio de corte de produção de 1,15 milhão de barris pela OPEP. Se for mantida a dolarização e a paridade de importação (PPI), os preços internos vão subir
No último domingo (2), a Arábia Saudita, a Rússia e outros produtores de petróleo da OPEP+ anunciaram cortes voluntários em sua produção que chegam a 1,15 milhão de barris por dia. Imediatamente a cotação do barril de petróleo no mercado internacional subiu 6,31%. O Ministério de Energia saudita disse em comunicado que o corte voluntário em sua produção foi uma medida de precaução destinada a apoiar a estabilidade do mercado de petróleo.
O representante da Arábia Saudita apresentou os dados informando que cortaria a produção em 500.000 barris por dia (bpd), enquanto o Iraque reduziria sua produção em 211.000 bpd, de acordo com declarações oficiais citadas pela Reuters. Além dessas nações, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã, Argélia e o Cazaquistão também anunciaram cortes em sua produção.
A medida aumenta a pressão sobre a direção da Petrobrás no sentido de acelerar a mudança em sua política de preços que está atrelada aos preços internacionais. O economista Aurélio Valporto, presidente da Abradin (Associação Brasileira de Investidores), cobrou que o governo cumpra a promessa de campanha e altere a política da paridade de importação.
“A Petrobrás continua praticando um preço artificial, manipulado pelo cartel internacional do petróleo ao invés de praticar preços tomando como base os seus próprios custos, que estão entre os mais baixos do mundo”, observou o economista.
“Se a Petrobrás seguir os preços internacionais, o governo deverá aumentar as tarifas do imposto de exportação, estendendo também aos refinados”, defendeu Valporto. Ele argumenta que esse imposto tem uma forte característica regulatória e de forçar o aumento da oferta interna de derivados a preços inferiores aos preços internacionais.
Aurélio Valporto acrescenta que “esse imposto incide apenas sobre as exportações e a venda interna se torna mais lucrativa”. “É por meio do imposto de exportação, por exemplo, que a Rússia controla os preços internos do petróleo e seus derivados em seu país, que são muito menores do que os preços que ela pratica no exterior”, observou. Portanto, observou, “não faz o menor sentido a Petrobrás continuar praticando preços manipulados internacionalmente através de um cartel”.