“Temos consciência de que impacta a vida das pessoas”, disse o presidente da Petrobrás
O presidente da Petrobrás, Ivan Monteiro, voltou a defender a política de preços da estatal (petróleo cru e derivados) vinculada aos preços internacionais. “O importante para a Petrobrás é não perder a liberdade para praticar a política comercial o mais realista possível”, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo.
No início de junho do ano passado, o então presidente da Petrobrás Pedro Parente adotou a política de reajuste diário, ficando os preços dos combustíveis acima dos preços internacionais, o que implicou em aumento para o consumidor final, nas bombas.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo, em 1º de junho do ano passado, o litro da gasolina custava R$ 3,51, chegando a R$ 4,50 no último dia 7, ou seja, um aumento de 28,2%. Nesse mesmo período, o preço do litro do óleo diesel estava em R$ 2,95 e atingiu R$ 3,38%, um acréscimo de 14,5%. Já a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), nos últimos 12 meses terminados em junho chegou a 4,39%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Monteiro também considerou adequada a política de reajuste trimestral para o gás de cozinha (GLP), o que levou que 1 milhão e duzentas mil pessoas votasse a cozinhar com lenha e carvão, conforme o IBGE: “No caso do GLP, a Petrobrás tomou a decisão de forma espontânea e foi muito adequada. (…) A Petrobrás tem consciência de que impacta a vida das pessoas”.
Como ficou proibida a venda de ativos (“desinvestimento”), primeiro Parente e agora Monteiro adotaram o que chamam de “parcerias estratégicas”, isto é, servir de muleta para as multinacionais, como já ocorre com a Total, BG e ExxonMobil. “Outro dado relevante são as mudanças no marco regulatório do setor, que aumentaram a atratividade e permitiram novas parcerias para investimentos”, declarou Monteiro.
Talvez por isso que para a 5ª Rodada de licitação do pré-sal, das quatro áreas ofertadas (Saturno, Titã, Pau-Brasil e Sudoeste de Tartaruga Verde) a Petrobrás informou que tem interesse apenas nesta última, deixando o caminho livre para suas “parceiras” avançarem sobre as outras.
VALDO ALBUQUERQUE