
Liberação da venda de armamento pesado a CACs por Bolsonaro facilitou acesso de armamento de milícias e facções criminosas no Estado
Na última quarta-feira (5), o governador Cláudio Castro pediu ajuda das forças de segurança federais no combate à violência no Rio de Janeiro. Castro solicitou à Polícia Federal (PF) e à Polícia Rodoviária Federal (PRF) reforço nas ações de investigação e no policiamento das fronteiras do país para evitar a chegada de armas no estado.
“A gente nunca viu tanto fuzil. O Rio de Janeiro não produz arma, não produz droga, então se isso está entrando é porque as nossas fronteiras estão ficando desprotegidas. Pedi que a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal acelerem conosco o trabalho de proteção, se não a gente fica daqui enxugando gelo”, afirmou o governador.
LIBERAÇÃO DE FUZIS
Claudio Castro, no entanto, não cita em suas falas que o aumento do armamento no Estado se deu após a desregulação na venda de fuzis e outras armas de grosso calibre pelo governo Bolsonaro.
Em 2019, enquanto estava no governo, Jair Bolsonaro (PL) assinou um decreto que regulamentou o porte e posse de armas no país liberando a compra de fuzis pelos chamados CACs.
A compra do fuzil passou a ser possível a partir da nova classificação estabelecida pelos responsáveis pelo decreto. No documento, se aumenta em até quatro vezes o valor do poder de fogo de armas que podem ser adquiridas pelos civis.
Na época, o Ministério Público Federal (MPF), em Brasília, pediu a suspensão do decreto. O coordenador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) diz que a venda de fuzil é um problema grave para a segurança pública.
“A venda de fuzis para população civil é uma medida extrema, que não existe em quase nenhum país no mundo, com exceção dos Estados Unidos, que representa um risco para a população na medida em que essas armas têm maior poder de destruição. Vai inclusive na contramão dos esforços feitos durante muito tempo para tentar retirar os fuzis das ruas brasileiras”, comenta Ignácio Cano.
Da mesma forma, o professor temeu a liberação pelo que representa o fuzil no Rio de Janeiro.
“Os fuzis vieram simbolizar, especialmente no Rio de Janeiro, a criminalidade violenta. Então, difundir fuzis significa que esses fuzis, com certeza, alguns deles, cairão nas mãos de criminosos ou serão usados em alguns crimes”, explicou.
APREENSÃO RECORDE
O resultado da política armamentista de Bolsonaro fica em evidência com o aumento das apreensões. Em março, a Polícia Federal divulgou a apreensão de cerca de mil armas na Operação Desarmada 3, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Foi a maior apreensão de armas já realizada em toda a história da corporação.
As armas ainda eram contabilizadas e catalogadas pela Polícia Federal, mas a PF afirmou que são cerca de mil. Entre elas, estão cinco fuzis, três metralhadoras Uzi, diversas carabinas, pistolas, revólver, entre outros, além de milhares de unidades de munição.
O alvo foram duas lojas que vendiam ilegalmente o arsenal, segundo a investigação. Na ação, policiais federais lotados na Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio e ao Tráfico de Armas cumpriram um mandado de busca e apreensão, deferido pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Nova Iguaçu.
“A apreensão de uma quantidade tão expressiva de material bélico é de suma importância perante o objetivo de impedir que as armas de fogo sejam possivelmente introduzidas no mercado clandestino, visando o enfraquecimento de organizações criminosas como milícias, escritórios do crime e facções”, disse a PF.
A política armamentista do desgoverno do Bolsonaro, só favoreceu as facções criminosas em todo Brasil, isto também precisa ser investigado e esse mentiroso tem que pagar pelos delitos por ele praticados.