O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado nesta segunda-feira (16), despencou 3,34% em maio, em relação a abril. Foi o que bastou para a continuidade da ladainha de que a causa foi a greve de 11 dias dos caminhoneiros, propagada pelo governo Temer e reverberada por analistas da mídia e alguns incautos.
O índice acumulado entre janeiro e abril, antes portanto da greve dos caminhoneiros, já estava negativo em -0,49%. Na comparação com maio de 2017, a queda do IBC-Br foi de -1,54%.
Considerado uma “prévia do PIB”, o IBC-Br, na comparação com o mês anterior, ficou negativo em janeiro (-0,52%), variou próximo a zero em fevereiro (0,3%), ficou negativo em março (- 0,77%), teve uma variação positiva em abril (0,5%) e desabou em maio (-3,34%).
Assim, os números do BC desmontam a farsa da “recuperação econômica” tantas vezes propalada por Temer/Meirelles e, mostram que ao invés da responsabilidade ser dos caminhoneiros, atestam a total falência da política econômica neoliberal do governo. Que, aliás, já vinha sendo praticada por Dilma.
Os números demonstram que antes mesmo da vitoriosa greve dos caminhoneiros – que entre outras coisa serviu para desmontar a farsa da política de preços dos combustíveis adotada desde Dilma e exacerbada por Temer – a economia estava agonizante.
Em função da política alucinada dos preços dos combustíveis, do aumento das tarifas da energia elétrica, juros estratosféricos, cortes nos investimentos públicos, arrocho na renda e desemprego recorde, todos os indicadores econômicos beijaram a lona, jogando gasolina na fogueira da recessão, iniciada em abril de 2014.
Na verdade, a paralisação dos caminhoneiros serviu para escancarar o fracasso da política de Temer.
De acordo com o governo – Relatório de Inflação, de março de 2010 -, o IBC-Br foi criado para “elaboração da estratégia de política monetária”. É o que chamam de “prévia” mensal do Produto Interno Bruto (PIB) – medido trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – para a definição dos juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.
O cálculo do IBC-Br engloba estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos.
Que outro desfecho se poderia esperar, em uma economia em que o setor não produtivo é o beneficiário dos recursos produzidos pelo setor produtivo? De janeiro a maio deste ano, segundo o Banco Central, foram desviados do setor público R$ 158,5 bilhões ao setor financeiro, via pagamento de juros, segundo números do BC. Nos dois últimos anos, a média dessa transferência foi de cerca de R$ 400 bilhões. Precisamente, R$ 407,024 bilhões em 2016 e R$ 400,826 bilhões em 2017.
Assolada pelos juros altos, o setor mais importante para uma política de retomada do crescimento, a indústria, está literalmente no fundo do poço. Em maio, na comparação com abril, a produção industrial recuou 10,9%, com queda em 14 de 15 locais pesquisados pelo IBGE. Evolução do setor este ano: janeiro (-2,2%), fevereiro (0,1%), março (0,0%), abril (0,8%) e maio (-10,9%).
Já o volume de vendas do comércio varejista caiu 0,6% e o varejo ampliado (inclui os gastos das famílias mais os das empresas) ficou em menos 4,9%. Todas as atividades do comércio tiveram perdas em maio, à exceção de hipermercados e supermercados.
Enquanto isso, o setor de serviços recuou 3,8% na mesma base de comparação. O setor de serviços responde por cerca de 70% do PIB. No ano, até maio, o desempenho do setor de serviços foi o seguinte: em janeiro -1,7%, em fevereiro ZERO, em março -0,3%, em abril 1,1%, chegando a -3,8% em maio.
O varejo também continua patinando em torno de ZERO: em janeiro 1%, em fevereiro 0,0%, em março 1,0%, em abril 0,7% e em maio -0,6%.
Seja qual for o indicador econômico, o resultado é sempre apontando fundo do poço, tendo como conseqüência milhões de desempregados espalhados pelo país. Até junho, conforme o IBGE, havia no país 13,7 milhões de desempregados. Somando-se com o subemprego e o desalento, resultam 27 milhões de pessoas sobrevivendo sabe-se lá como.
DESEMPREGO
Ante ao anúncio de que haveria um mutirão no Sindicato dos Comerciários de São Paulo para disponibilizar 1.800 vagas, cerca de 10 mil pessoas compareceram à sede da entidade, nesta segunda-feira (16). Conforme o Sindicato, “as primeiras pessoas começaram a chegar, em busca de oportunidade de trabalho, às 23:30 de domingo”. De acordo com seu presidente, Ricardo Patah, do total de desempregados no país, “em São Paulo são 2,5 milhões. Isso explica a enorme busca por uma vaga que está ocorrendo neste mutirão de emprego”.
Não à toa todas as estimativas para o desempenho do PIB este ano despencam toda semana. Até o governo projeta 1,5%, contra os 3% que previa no início do ano, quando propalava uma formidável recuperação econômica. Alguns analistas, inclusive do setor financeiro, já falam em 1%.
Após três revisões para cima, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nesta segunda-feira sua estimativa para o PIB do Brasil este ano: 1,8%, 0,5 ponto percentual abaixo de sua última projeção (2,3%).
Em suma, as projeções de início de ano eram todas infladas para distorcer a realidade dos fatos, de que a economia estava – e continua – no fundo poço.