“Assim como a indústria, o comércio varejista, em sua integralidade, iniciou 2023 praticamente estagnado. A diferença é que as vendas reais do varejo conseguiram evitar o sinal negativo, registrando +0,2% frente a dez/22, livre de efeitos sazonais, incluindo também os ramos de veículos, autopeças e material de construção”, observou o Iedi
As vendas no comércio varejista ampliado no país iniciaram o ano patinando em torno de zero, variando apenas 0,2% em janeiro em relação a dezembro, segundo os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O comércio varejista restrito no período cresceu 3,8% em janeiro de 2023, frente ao mês de dezembro de 2022, época em que o volume de venda recuou -2,6%. Em sua amplitude o comércio varejista ampliado incluiu as atividades de Veículos, motos, partes e peças, Material de construção e Atacado especializado em alimentos, bebidas e fumo, que em dezembro também registraram uma variação próxima de zero (+0,4).
Como observou o Iedi (Instituto de Estudo para o Desenvolvimento Industrial), “assim como a indústria, o comércio varejista, em sua integralidade, iniciou 2023 praticamente estagnado. A diferença é que as vendas reais do varejo conseguiram evitar o sinal negativo, registrando +0,2% frente a dez/22, livre de efeitos sazonais, incluindo também os ramos de veículos, autopeças e material de construção”.
“Em relação ao mesmo período do ano passado, o setor roda igualmente em baixa frequência. Variou apenas +0,5%, depois de dois meses seguidos de retração (-1,4% em nov/22 e -0,6% em dez/22)”, ressaltou o Iedi.
As vendas do varejo restrito foi puxada, principalmente, pela atividade de tecidos, vestuário e calçados, que ajudado pelas liquidações criadas tipicamente após o período festivo de final de ano, apresentaram um avanço em suas vendas de 27,9% em janeiro, interrompendo a série de quatro meses de recuos em suas vendas. Em dezembro de 2022, as vendas desse segmento apresentaram uma queda de -6,1%.
Outro grupo que influenciou no resultado foi o de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com aumento de 2,3%, após dois meses de diminuição no volume de vendas. No último mês de 2022, este segmento havia marcado queda de -0,8%.
O gerente da pesquisa Cristiano Santos, ao afirmar que ambos os setores sinalizaram uma recuperação em janeiro, destacou que “pelo resultado de dezembro, é possível considerar que movimentos como Black Friday e o Natal não foram positivos para as duas atividades. Com as quedas anteriores e a base de comparação mais baixa, houve um crescimento importante em janeiro, motivado principalmente por iniciativas pós-Natal”.
Também registraram altas em janeiro: Equipamentos e material para escritório informática e comunicação (7,4%), após queda de -0,5% em dezembro; outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,0%), após queda de -3,2% em dezembro; Combustíveis e lubrificantes (1,5%), após queda de -1,9% em dezembro; Móveis e eletrodomésticos (1,3%), após queda de -1,5% em dezembro; e Livros, jornais, revistas e papelaria (0,6%), após queda de -0,1% em dezembro. Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria obteve recuo de -1,2% em suas vendas, após o recuo de -0,5% em dezembro.
Com as ofertas de Natal e Black Friday não sendo capazes de estimular o consumo, que está sendo restringido pelos juros altos – os maiores do mundo – encarecendo o financiamento e elevando o endividamento das famílias brasileiras, o comércio varejista nacional acumula uma variação de crescimento de apenas 1,3% nos últimos 12 meses.
Já o varejo ampliado, uma área altamente dependente do crédito, acumula queda de -0,5% nos 12 meses, resultado próximo ao de dezembro (-0,6%). As vendas de Veículos e motos, partes e peças para este mesmo período registram baixa de -1,5%, sendo o sexto mês com resultado negativo.
O setor de Material de construção variou 1,1% frente a janeiro de 2022, após nove meses de queda nesta comparação. Apesar disto, nos últimos doze meses, o acúmulo é de queda de -8,1%. Por fim, as vendas das empresas de Atacado especializado em alimentos, bebidas e fumo, incluídas neste ano na pesquisa, recuaram -0,9% em janeiro de 2023, frente a janeiro de 2022.