“Macron é o presidente da hipocrisia e da violência”, denunciaram nesta terça-feira (11) manifestantes que levantaram a voz, faixas e cartazes, interrompendo o pronunciamento do governante francês em Haia, na Holanda. “Quando você vai ouvir as milhões de pessoas nas ruas? Voltou a atropelar o parlamento”, assinalaram os ativistas, entre outras contestações.
Conforme mostra o vídeo sobre o evento, as palavras de ordem em inglês e francês mobilizaram os seguranças, que expulsaram os ativistas do plenário.
Emmanuel Macron pretendia fazer um discurso sobre a soberania econômica e industrial da Europa sem ter de se confrontar com os inúmeros atropelos que seu governo vem cometendo.
“Onde está a democracia francesa?”, questionaram os manifestantes, bradando perguntas e denúncias, alternadamente, enquanto desenrolavam uma faixa protestando contra a retirada de direitos da população. “Há milhões de manifestantes nas ruas, e ainda acha que tem algo a dizer à Europa”, disse uma das ativistas presentes, ao lembrar que o governo francês está tentando impor uma reforma que aumenta de 62 para 64 anos a idade mínima para a aposentadoria o que é repudiado por atos em todo a França.
Depois da manifestação – intensamente aplaudida pelo plenário do evento em Haia até o momento da expulsão dos questionadores-, Macron quis sair pela tangente, alegando que a revolta francesa seria “um debate social”.
“Posso responder a todas as perguntas sobre o que estamos discutindo na França”, disse. “Isto é democracia e uma democracia é exatamente um lugar onde você pode se manifestar com este tipo de intervenção aqui”, tergiversou – exatamente no momento em que os seguranças expulsavam os manifestantes – como se passar por cima do parlamento de seu país fosse uma atitude “democrática” em meio a um “debate social”.
Sobre o assalto à Previdência, disse que os franceses “deveriam estar menos aborrecidos com seu bem-estar já que se mantém com qualidade muito superior aos 64 anos, diferente do que era antes”.
Após desmascarado e em um acesso de cinismo, o presidente que quer impor uma mudança constitucional atropelando o parlamento, veio com esse primor de enrolação: “No dia em que você disser a si mesmo que ‘quando discordo da lei que foi aprovada ou das pessoas que foram eleitas, posso fazer o que quiser porque decido por mim mesmo a legitimidade do que faço’, você está colocando em risco a democracia”. Em outras palavras, tentou impor uma inversão da lógica do convívio cidadão ao assinalar que aquele que se revolta contra um governante ditatorial, como ele, é que estaria cometendo um ato antidemocrático.
A chamada “reforma” previdenciária ocorre em um momento em que a população francesa padece com a alta da inflação, boa parte dela fruto da decisão de Macron de alistar-se à guerra por procuração de Biden contra a Rússia na Ucrânia, com o país europeu sofrendo o efeito das perverso da adesão às sanções a Moscou urdidas na Casa Branca e inclusive armando o regime nazista de Kiev, isso tudo depois da França passar anos fingindo querer a implementação dos Acordos de Minsk.