Corporação gastou mais com agentes de folga em blitz do 2º turno nos Estados em que Lula foi vitorioso no 1º turno contra Bolsonaro. Operação do órgão era para atrasar ou impedir eleitores de votar
Blitz, fora do comum ou normal, realizada no segundo turno das eleições presidenciais de 2022 ainda repercute.
Nova informação apurada pelo portal UOL aponta que a PRF (Polícia Rodoviária Federal) pagou mais agentes de folga do órgão para se mobilizarem em Estados em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia vencido, no primeiro turno, o então presidente Jair Bolsonaro (PL).
Documento da PRF encontrada pelo UOL, indica que a maior parte dos policiais extras chamados pela corporação estavam em redutos lulistas, principalmente nas regiões Norte e Nordeste.
A justificativa dada pela PRF, na ocisão, foi de que 65% dos crimes eleitorais brasileiros ocorriam nesses locais. Mas os bloqueios já estavam proibidos pelo STF (Supremo Tribunal Federal) um dia antes da realização do segundo turno.
Os principais locais e com maior número de policiamento eram o de Estados em que Lula havia ganhado no primeiro turno contra Bolsonaro.
A manobra bolsonarista foi derrotada, apesar de tudo disso, e Lula venceu a eleição.
MILITANTE BOLSONARISTA
A decisão de formar bloqueios foi do diretor-geral Silvinei Vasques, apoiador de Bolsonaro que garantiu forte e inusual inspeção durante as eleições, principalmente no Nordeste, região do País em que o presidente eleito tem mais adesões, apoios e votos.
Aqui cabe ressalva importante. O diretor-geral não poderia tomar decisão dessa sem que houvesse decisão superior. Acima dele estava o ministro da Justiça, no caso Anderson Torres. E acima de Torres estava o então presidente da República. Esta era, naquelas circunstâncias, a cadeia de comando.
Para evitar problemas com os atrasos dos eleitores, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aumentou o tempo da votação e Vasques foi demitido logo em dezembro, ainda no governo Bolsonaro.
Na gestão Lula, o ex-diretor geral da PRF é investigado por improbidade administrativa pela blitz.
CUSTO DA OPERAÇÃO
O portal também revelou que o custo da operação que atrasou eleitores no segundo turno das eleições foi de mais de R$ 1,3 milhão. O ex-presidente se utilizou de estruturas do Estado brasileiro para tentar impedir eleitores de votar no adversário dele.
Trata-se, pois, de mais um crime eleitoral cometido pelo ex-chefe do Executivo.
A sede da PRF na Bahia foi a segunda que mais gastou com as operações, com despesas de R$ 93,6 mil.
Foi justamente para o Estado que o até então ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, viajou três dias antes do segundo turno.
O objetivo dessa viagem de Torres é investigado. O ex-ministro está preso preventivamente por decisão do STF por causa do terrorismo do dia 8 de janeiro.
ENTENDA OS FATOS
Na ocasião, em 30 de outubro, dia do segundo turno, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, determinou que o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, prestasse imediatamente informações sobre as razões para a realização de operações policiais que tiveram imagens divulgadas em redes sociais.
No despacho, Moraes apontou publicação no Twitter que mostrava viatura e agentes da PRF parados às margens de rodovia abordando motoristas. No vídeo, o homem que faz a filmagem disse que se tratava de rodovia na Paraíba.
Na noite do dia 29, véspera do segundo turno, Moraes proibiu a PRF de conduzir, no dia seguinte, domingo (30) de segundo turno, operações que pudessem afetar o transporte público de eleitores, fosse pago ou gratuito, sob pena de responsabilização criminal do diretor-geral da corporação em caso de descumprimento.
O presidente do TSE atendeu a pedido do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que apresentou notícias de uso político da PRF em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição.
NOTA DA PRF NA OCASIÃO
Por meio de nota, a PRF informou: “No que se refere à notificação enviada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a PRF respondeu no prazo determinado, encaminhando ofício aos Superintendentes, determinando ‘o fiel cumprimento da referida decisão’”.
A corporação destacou ser sempre parceira do TSE e dos tribunais regionais eleitorais e que, naquele momento, atuava “na garantia da segurança do direito ao voto”.
No comunicado, a PRF escreveu ainda ter escoltado 794 urnas durante o segundo turno e ter apreendido R$ 4,5 milhões em 12 ocorrências.
M. V.