O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal deverá colher o depoimento do ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Marco Edson Gonçalves Dias, e de outros agentes dentro de dois dias.
Gonçalves Dias pediu demissão na quarta-feira (19), depois de serem divulgadas imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto que mostram que ele estava no local e agindo passivamente enquanto bolsonaristas destruíam a sede do Poder Executivo.
Ele diz que as imagens foram cortadas pela CNN Brasil para tentar acusá-lo de conivência com os invasores.
A decisão de Moraes foi tomada no inquérito que investiga autoridades e servidores públicos que foram omissos ou ajudaram os criminosos durante a tentativa de golpe do dia 8 de janeiro.
Além disso, o ministro determinou que o chefe interno do GSI, Ricardo Cappelli, identifique, no prazo de 24h, os militares e outros servidores públicos que tiveram sua identidade preservada pela CNN na reportagem sobre as filmagens.
Caso esses agentes não tenham prestado depoimento, o prazo para que isso aconteça é de 48h, indicou Moraes.
No despacho, Alexandre de Moraes afirmou que as imagens são “gravíssimas” e “indicam a atuação incompetente das autoridades responsáveis pela segurança interna do Palácio do Planalto, inclusive com a ilícita e conivente omissão de diversos agentes do GSI”.
Nas imagens divulgadas pela CNN, Marco Edson Gonçalves Dias aparece na antessala do gabinete presidencial checando se algumas portas estão trancadas. Depois, indica para alguns invasores onde ficam as escadas.
O GSI disse, em nota, que o general estava ajudando na evacuação do terceiro andar do Palácio do Planalto.
As câmeras de segurança também registram que outros agentes do GSI chegaram a oferecer água para os criminosos.
O ministro Alexandre de Moraes determinou que a PF informe se já recolheu as imagens das câmeras de segurança, como tinha sido decidido em janeiro, e se realizou as oitivas com todos militares presentes no Palácio
INDICADO POR BOLSONARO
Um dos agentes do GSI que teve sua identidade preservada pela CNN Brasil é o major do Exército, José Eduardo Natale de Paula Pereira, informou o governo Lula.
Sua indicação aconteceu em 2020 no governo Bolsonaro. O governo Lula o exonerou em janeiro.
Ele foi flagrado pelas câmeras de segurança cumprimentando invasores e oferecendo copos de água para eles.
José Eduardo Natale de Paula Pereira chegou ao GSI, onde era coordenador de segurança de instalações dos Palácios do Planalto e da Alvorada, quando o órgão era gerido pelo general Augusto Heleno, no governo Bolsonaro. Heleno é um dos auxiliares mais próximos de Jair Bolsonaro.
Um criminoso pegou um extintor de incêndio na frente de José de Paula Pereira e o agente não fez nada para impedi-lo. Extintores e mastros de bandeiras estavam sendo usados pelos invasores para quebrar janelas e destruir o Palácio do Planalto.
O major do Exército já prestou depoimento, na condição de testemunha, em janeiro, mas é possível que tenha que falar de novo por conta das gravações.