Enquanto prega austeridade e arrocho econômico para o Estado, Zema acha conveniente receber o segundo maior salário de governador do Brasil
Menos de um mês após ser proposto, o plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou, nesta quarta-feira (19), o reajuste de, aproximadamente, 298% para o governador Romeu Zema (Novo), o vice-governador Mateus Simões (Novo), e secretários e secretários adjuntos de Estado. Foram 39 votos favoráveis e 18 contrários ao Projeto de Lei (PL) 415/2023. Agora, caberá ao próprio Zema a sanção em até 15 dias.
O texto aprovado incorporou ainda algumas mudanças propostas por deputados. Entre elas, uma que assegura aos servidores estaduais a concessão de férias-prêmio e adicionais por tempo de serviço no período compreendido entre 28 de maio de 2020 e 31 de dezembro de 2021. Porém, reajuste para os servidores não entrou na proposta.
O governo recusou a emenda do deputado Sargento Rodrigues (PL), que concedia reposição salarial de 35,44% para os servidores da segurança pública. Esse índice foi fruto de acordo, mas descumprido pelo governador em 2019. “Por que o governador pode ter 298% de reajuste ao passo que o deputado não quis autorizá-lo a fazer uma recomposição de 35%?”, cobrou ele, que, inclusive, é da base de governo.
O reajuste, que é superior aos 147,79% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado entre fevereiro de 2007 e janeiro de 2023, será distribuído em três parcelas até fevereiro de 2025. A primeira já vai incidir com referência a 1º de abril de 2023, quando o salário de Zema vai aumentar para R$ 37.589,96. O de Simões vai subir para R$ 33.830,96. Já o de secretários e secretários adjuntos vai ser elevado para, respectivamente, R$ 31.238,19 e R$ 28.114,37.
Ao fim do escalonamento, Zema vai ganhar R$ 41.845,49, o que tornará o governador, o segundo mais bem pago do Brasil, atrás apenas do governador do Estado de Sergipe – R$ 46,3 mil.
Ainda durante o encaminhamento do voto, a deputada Lohanna França (PV) questionou justamente o fato de o reajuste superar apenas a recomposição inflacionária e que é contraditória à política de austeridade e arrocho defendida pelo governo mineiro.
“O que o Zema está querendo é o aumento real. Sabe o aumento real que te dá poder de compra, que te garante crescer? Pois é, o Zema vai ter um aumento real de 150%. Então, colegas deputados, com que moral vão chegar na cidade de vocês para defender o Regime de Recuperação Fiscal? Para falar que o governador não tem dinheiro para pagar o piso da educação?”, criticou.
“Foi uma votação de temas polêmicos, que está se dando no início da gestão do governador. Queria ver se, perto da eleição, iria colocar (projeto) para aumentar 300% do salário dele, para retirar 1% do orçamento que é decidido pela população ou retirar direitos como está fazendo com a segurança pública”, protestou Bella Gonçalves, do Psol.