Operação conjunta entre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) destruiu nove aeronaves em região de garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Ao todo, já foram destruídas 20 aeronaves usadas para transporte de insumos e pessoas em territórios isolados da área demarcada.
Em nota, os órgãos divulgaram que as aeronaves, “totalmente em desacordo” com às normas legais, inutilizadas durante a Operação Omawe, também se destinavam ao apoio logístico do garimpo criminoso.
“As condições precárias de segurança encontrada nas aeronaves, totalmente em desacordo com as exigências da ANAC, somadas ao isolamento de onde se localizam, permitem a inutilização das mesmas pelos agentes”, cita a nota.
Após a interrupção do fluxo de embarcações pelos rios Uraricoera e Mucajaí, o abastecimento das instalações garimpeiras passou a ocorrer essencialmente pela via aérea. A medida foi determinada pelo governo federal em 6 janeiro para impedir a entrada de suprimentos para o garimpo. Desde então, apenas aviões e helicópteros militares ou a serviço de órgãos públicos envolvidos na operação podem sobrevoar a área.
A extração ilegal de ouro e cassiterita na TIY ocorre de maneira descontrolada na região, contaminando rios com mercúrio, destruindo florestas e contribuindo para a propagação de malária entre os povos originários.
No dia 7 de abril, uma ação da Força Aérea Brasileira (FAB), Ibama e PRF em uma pista clandestina de garimpo ilegal, próxima à fronteira com a Venezuela, resultou na destruição de uma aeronave e na prisão de duas pessoas. A operação ocorreu um dia após o fechamento dos corredores aéreos para a saída de garimpeiros da região Yanomami por via área.
Na semana passada, as autoridades realizaram outra investida de combate ao garimpo ilegal. Agentes da Polícia Federal e do Ibama destruíram 15 balsas no Rio Madeira em uma operação contra a atividade ilegal no Amazonas. Em outra ação, fiscais da Receita Federal apreenderam 64 containers, com mais de 2 mil toneladas de minério extraído irregularmente.
Em Roraima, garimpeiros pediram ajuda para serem retirados do Território Yanomami. A PF prendeu três suspeitos. Um deles, uma funcionária da Assembleia Legislativa.
As ações de combate ao garimpo criminoso no Território Yanomami já resultaram na destruição de mais de 200 acampamentos de garimpeiros. Em uma das ações, agentes do Ibama destruíram um acampamento que tinha até bingo no meio da floresta no qual eram sorteados de celular Iphone à carro. A Cartela de bingo era vendida por cinco gramas de ouro.
No local funcionava também uma sala de administração, um cardápio de serviços diversos, com encomendas, peças em geral, internet e comida variada. As refeições seguiam horários bem definidos.
O acampamento clandestino estava na região do “Homoxi”, onde antes da invasão garimpeira funcionava um posto de saúde indígena, agora desativado. É uma das principais frentes de combate a extração ilegal nas terras dos Yanomami.
Na pista de pouso, a polícia localizou um avião com a matrícula adulterada com fita adesiva. “Esse avião, ele já foi apreendido em outra oportunidade pelo Ibama, num aeródromo dentro de Boa Vista”, relatou ao Jornal Nacional um agente do Ibama.
A Operação Omaw, que levou à destruição das nove aeronaves, visa enfraquecer as atividades de garimpo nas terras Yanomami para ajudar a solucionar a crise humanitária da área indígena, aprofundada e tratada com descaso pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. As ações para expulsar os garimpeiros da reserva não têm prazo para terminar.