Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) defendeu que “o governo não só não tem motivo para ter medo de qualquer investigação, como quer essa investigação”. Comissão vai ser instalada na próxima semana
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou, nesta quarta-feira (26), que o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, atualmente preso, vai ser um dos convocados para depor na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) criada para investigar os atos golpistas do dia 8 de janeiro.
O governo assumiu completamente, também, essa agenda, a fim de liquidar a falsa narrativa, propagada por bolsonaristas nas redes sociais, que a destruição e o terror no 8 de janeiro foram praticados por “petistas infiltrados”.
“Temos etapas. Primeiro, a leitura do requerimento, depois a indicação dos membros e aí vai ter um rol de nomes a serem convocados. Por óbvio, o ministro da Justiça do governo anterior, por exemplo, que inclusive está preso, deve vir a ser inevitavelmente ouvido”, explicou.
E acrescentou: “Queremos saber a ascendência golpista que chegou ao 8 de janeiro”, apontou após reunião com o ministro-chefe da SRI (Secretaria de Relações Institucionais), Alexandre Padilha.
Torres está preso desde 14 de janeiro e é investigado por ter sido comissivo, omisso, permissivo em relação aos atos golpistas.
COMPARTILHAMENTO DAS INVESTIGAÇÕES
Randolfe completou dizendo que aliados governistas que serão indicados para a comissão pedirão ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), o compartilhamento das investigações sobre os atos terroristas que depredaram os prédios da Corte, Congresso Nacional e Palácio do Planalto.
“Considero fundamental, e tenho certeza, a CPMI instalada, a direção eleita, uma das primeiras agendas será com o ministro Alexandre de Moraes para pedir o compartilhamento das informações, para saber até onde estão indo as investigações”.
Randolfe defendeu também que parlamentares investigados pelo STF, pelos mesmos atos golpistas, não podem fazer parte da comissão. “É indispensável que essa CPMI não tenha investigados. Não vamos tolerar agentes que são objetos de investigação, seja de onde forem, como membro de CPMI”, emendou.
“Compreendemos que a CPMI pode dar uma contribuição muito importante para que a gente possa chegar nos financiadores, em agentes políticos que participaram da própria execução e dos mentores dos atos de 8 de janeiro”, acrescentou.
“Primeiro, é importante nós termos tranquilidade sobre a maioria. A maioria desta CPMI será pró-investigação. E tenho certeza que estamos convocando o melhor dos nossos times. A gente estava hesitando entrar em campo, mas já que estamos sendo chamados para entrar, tenho certeza que os jogadores serão os melhores”, disse.
CRIAÇÃO E INSTALAÇÃO
O Congresso criou, formalmente, a comissão nesta quarta-feira (26). Inicialmente, o governo se posicionou contrário à criação, mas, na última semana, mudou de estratégia.
Segundo o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o vazamento das imagens internas do Palácio do Planalto, pela CNN, criou “nova situação política”.
O ministro acredita que a instalação da CPMI, na próxima semana, vai ser uma “pá de cal” na tentativa de parlamentares da oposição criar o que chamou de “teoria terraplanista”, de que integrantes do atual governo estariam envolvidos nos atos.
M. V.