Bolsonaristas inventaram a mentira depois que Lula cobrou também da OTAN esforços pela paz. Empresa da Ucrânia soltou nota dizendo que a notícia é falsa. Nunca pretendeu investir no Brasil
A CNN se associou esta semana a uma fake news grotesca dos bolsonaristas dizendo que o Brasil havia perdido um investimento de US$ 50 bilhões de uma fabricante ucraniana de aviões, depois que Lula manifestou a opinião de que a Rússia não era a única responsável pela guerra. A notícia, que não tem a menor veracidade, se originou no Palácio dos Bandeirantes e foi compartilhada amplamente nas redes bolsonaristas.
Segundo a fake news, a fabricante de aviões ucraniana Antonov teria desistido de investir US$ 50 bilhões no Brasil porque o presidente Lula não estaria sendo suficientemente “neutro” em suas posições a respeito da guerra na Ucrânia. A notícia é falsa por razões óbvias. A primeira delas é que a Ucrânia está completamente falida. Ela está passando o chapéu e pedindo dinheiro quase diariamente ao governo dos EUA. E mais: em nenhum lugar do mundo, qualquer empresa anunciou um investimento de 50 bilhões de dólares.
Mesmo assim, bobalhões como Nicolas Ferreira e outros saíram repetindo a mentira feito papagaio. E, insistindo na farsa, o site da CNN divulgou uma nota do governo paulista reforçando a palhaçada. “A Secretaria de Negócios Internacionais do Estado de São Paulo informa que, no dia 11 de abril, recebeu representantes de Oleksandr Nykonenko e Victor Avdeyev, conselheiro e vice-presidente da Antonov Company, para audiência a respeito do interesse da estatal ucraniana Antonov desenvolver atividades no Brasil, em especial no Estado de São Paulo”, disse a nota do governo de SP.
Imediatamente a notícia foi desmentida pela empresa ucraniana. A estatal ucraniana Antonov afirmou categoricamente que a informação da CNN e do governo de São Paulo era mentirosa. Em nota divulgada nas redes sociais, a empresa disse que a informação é “falsa”, que “não possui um representante autorizado no Brasil com autoridade para falar ou representar os interesses da empresa” e criticou meios de comunicação brasileiros por divulgação de notícia fake.
A nota do governo paulista, na prática, apenas indica que o Palácio dos Bandeirantes foi a fonte da fake news grotesca, criada para desgastar o presidente Lula. Mostra também um servilismo exagerado do bolsonarismo aos intentos de guerras e de agressões por parte do governo dos EUA.
Lucas Ferraz, secretário de Negócios Internacionais, foi o servidor que inventou a fake news contra Lula. Mesmo depois do desmentido da empresa ucraniana, ele insistiu na provocação dizendo que recebeu os representantes da Antonov. A empresa divulgou nova nota afirmando que não possui representantes no Brasil. Tarcísio de Freitas ligou para Lula se desculpando pela “trapalhada” de sua equipe.
O ex-governador paulista Márcio França (PSB), hoje ministro do setor de portos e aeroportos do governo Lula, lamentou que o atual governador, Tarcísio de Freitas, tenha ajudado a criar uma fake news grotesca como esta contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Eu já fui governador de São Paulo quando o presidente era de outro partido e nunca vi uma provocação neste nível”, disse Márcio França.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), relator da projeto de lei contra as fake news, tem razão quando argumenta que a liberdade de imprensa não pode ser confundida com a permissão para o cometimento de crimes pela internet. O que mais se viu no Brasil após o surgimento do bolsonarismo foi o uso criminoso da internet. O projeto já está em tramitação na Câmara e deverá em breve punir com rigor os espalhadores de fake news no Brasil.