O banqueiro Henrique Meirelles afirmou, na quarta-feira (18), que vai usar sua campanha para defender os resultados do governo Michel Temer. A jura de fidelidade a Temer não podia ser mais desastrosa para sua pretensão. Há quem avalie que deve ser por isso que ele não pontua nas pesquisas eleitorais. Temer tem míseros 3% de aprovação. Pelo visto, nem essa meia dúzia de aloprados que apoiam Temer querem Meirelles no Planalto.
O desastre na política econômica comandada pelo banqueiro, que cortou direitos dos trabalhadores, que aumentou drasticamente a miséria no país, que afundou o Brasil na recessão e que jogou 27,7 milhões de pessoas no desemprego e no subemprego, é outro fator a jogar água no chope de seus planos eleitorais.
O quiprocó está armado dentro do partido. A resistência ao nome do ex-funcionário da Friboi e ex-presidente do BankBoston é total e irrestrita. Ele jura que tem a “vasta maioria” dos delegados à convenção e que vai financiar toda a campanha, mas, mesmo assim, ninguém se empolga com a sua conversa.
A rejeição ao seu nome é tão evidente que, numa de suas atividades de pré-campanha pelo Rio Grande, há algumas semanas, ninguém por ali quis segurar a alça de seu caixão. “É uma piada um tanto de mau gosto, é verdade, mas é aquela história. Por que não dá para levar o jegue para o coral? Porque o jegue não canta!”, comparou um deputado, em alusão à falta de carisma de Meirelles.
A dificuldade do banqueiro não está só entre os emedebistas. Ele não conseguiu atrair nenhum outro partido para apoiá-lo. “Não existe um grande número de alianças já concretizadas. Existem muitas intenções, apenas. Tenho conversado com um grande número de partidos nos últimos dias, mas eu gosto de anunciar resultados”, respondeu, em coletiva após palestra no Fórum de Mobilidade da ANPTrilhos. Ou seja, ele não tem nenhuma coligação fechada.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), que precisa manter o mandato para ter direito ao foro privilegiado, saiu atacando o banqueiro candidato. O parlamentar disse na terça-feira que subir em seu palanque seria uma “condenação”. Já Requião (MDB-PR), que tem a ilusão de que pode ganhar a disputa interna do partido, disse que “o PMDB não pode ser o boi de piranha da direita brasileira”. “A candidatura Meirelles será o enterro de luxo do PMDB”, completou.
S. C.