O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à presidência da República, informou que enviou uma carta às diretorias da Embraer e da Boeing, orientando as duas empresas para que o acordo de fusão celebrado entre elas seja suspenso.
“Esse acordo feito no estertor de um governo e na iminência de 84 dias de uma eleição presidencial é clandestino e absolutamente ameaçador da segurança nacional brasileira. Portanto, ele não deveria ser consumado, e, se for, tem que ser desfeito”, afirmou o pedetista, na terça-feira (17), durante encontro com empresários da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), em São Paulo.
Ciro disse que recomendou às diretorias da Embraer e da Boeing que o negócio não seja consumado até a posse do presidente da República que será eleito em outubro, pois não vê uma possibilidade “saudável” de acordo.
O presidenciável citou o segmento de defesa desenvolvido pela fabricante nacional de aviões como uma das áreas estratégicas para o desenvolvimento do país.
“A Embraer, por conta do governo, desenvolveu uma joia tecnológica, que é um avião chamado KC-390. Esse avião está na fase final de homologação dos testes. Ele já tem uma fila de encomenda que sinaliza um mercado de US$ 20 bilhões”, destacou.
O pré-candidato divulgou o conteúdo a carta nesta quarta-feira (18). No documento, ele denuncia que o acordo pelo qual a Boeing comprou 80% da principal unidade de negócios da empresa brasileira é “hostil aos interesses do povo brasileiro”. “A Embraer é uma empresa de forte conteúdo nacional e de grande importância para a segurança de nosso país”, diz o texto.
O político chama a negociação de “mutilação” da Embraer e acredita que, ainda que o setor de defesa não entre na fusão com a empresa americana, o negócio “acabará com a sinergia e as vantagens comparativas necessárias para a impulsão do que restará da Embraer a novos patamares”.