O candidato a deputado estadual nas eleições de 2022 pelo PL-RJ, Ailton Barros, afirmou saber quem é o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, em 2018. As falas foram obtidas em conversas interceptadas pela Polícia Federal na investigação que prendeu o ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, nesta quarta-feira (03), e divulgadas pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Ailton Barros é um dos seis presos na operação Venire da Polícia Federal que investiga o esquema de fraude em dados de vacinação contra a Covid-19 envolvendo o entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Militar da reserva, Ailton é suspeito de participar na adulteração de vacinas de Bolsonaro e de sua filha Julia Bolsonaro, e do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, também preso nesta quarta.
De acordo com a Polícia Federal, que transcreveu a mensagem, Ailton enviou áudio ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de Bolsonaro, indicando o ex-vereador do Rio de Janeiro (RJ), Marcello Moraes Siciliano para facilitar o esquema de fraude das vacinas na cidade fluminense de Duque de Caxias.
Questionado por Mauro Cid sobre o envolvimento de Siciliano na execução da vereadora, Ailton o trata como “bucha”, que não teria relação com o crime, e afirma saber quem mandou assassinar a vereadora.
“De repente, nem precisa falar com o cônsul. Na neurose da cabeça dele [Siciliano], que ele já vem tentando resolver isso a bastante tempo, manda e-mail e ninguém responde, entendeu? Então, ele partiu para a direção do do cônsul, que ele entende que é quem dá a palavra final. Mas a gente sabe que nem sempre é assim, né? Então quem resolva, quem resolva o problema do garoto, entendeu? Que tá nessa história de bucha. Se não tivesse de bucha, irmão, eu não pediria por ele, tá de bucha. Eu sei dessa história da Marielle toda, irmão, sei quem mandou. Sei a p*** toda. Entendeu? “, afirmou Ailton Barros.
Foi na troca de mensagens entre os envolvidos, ainda segundo a PF, que Ailton Barros revelou saber quem foi o mandante do assassinato de Marielle.
Ailton Gonçalves Moraes Barros é ex-major do Exército e foi candidato pelo PL a uma vaga como deputado estadual no Rio de Janeiro em 2022. Na campanha eleitoral, ele se apresentava como “01 do Bolsonaro”.
Barros tem várias fotos em redes sociais ao lado do ex-presidente. Ele foi oficial da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), mas seguia carreira civil nos últimos anos. Em 2020, foi candidato a vereador pelo PRTB. Em março de 2022, Barros foi exonerado de um cargo de assessor que ocupava na Casa Civil do governo do Rio de Janeiro.
MARIELLE
A vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados há cinco anos, em março de 2018. A Delegacia de Homicídios da Capital, o Ministério Público do Rio e, desde fevereiro, a Polícia Federal tentam desvendar o crime.
As investigações foram marcadas por trocas de delegados e promotores e poucos avanços. E, até hoje, ninguém esclareceu quem mandou matar Marielle e qual a motivação da execução — uma das principais linhas de investigação é que a motivação seja política.
Na noite desta quarta-feira, a força-tarefa da Polícia Federal que investiga a morte de Marielle Franco chegaram a Ailton Barros. Os investigadores pediram para tomar o depoimento dele após tomarem conhecimento da mensagem de áudio – enviada por Ailton ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.