Fake news do Telegram calunia e mente contra o PL 2630

Serviço de mensagens não tem sede no Brasil. Foto: Divulgação

Em total desrespeito às leis e ao Brasil, o Telegram disparou uma mensagem em massa no início da tarde desta terça-feira (9) aos usuários da plataforma caluniando e mentindo contra o projeto de lei 2630, de combate às Fake News.

Segundo as mensagens mentirosas do Telegram, se aprovado, o projeto vai “acabar com a liberdade de expressão”. “O PL 2.630/2020 dá ao governo poderes de censura sem supervisão judicial”, diz a mensagem enviada pela plataforma e publicada em outras redes sociais, como o Twitter.

A plataforma açula seus usuários a chantagearem os deputados contra o projeto e diz que o PL “matará a internet moderna”. “Para os direitos humanos fundamentais, esse projeto de lei é uma das legislações mais perigosas já consideradas no Brasil”.

Pelo Twitter, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do PL contra as fake news, rebateu e classificou a ação do Telegram como “jogo sujo das bigtechs”.

“O jogo sujo das bigtechs continua. Recebo denúncias de que o Telegram está disparando FAKE NEWS contra o PL 2630 para milhões de usuários. Essa campanha de mentiras NÃO VAI PROSPERAR. A Internet não é terra sem lei e a regulação é uma necessidade. PL 2630 SIM!”, escreveu Orlando Silva.

O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, declarou que a plataforma está desrespeitando as leis brasileiras e fazendo publicidade mentirosa. “Empresa estrangeira nenhuma é maior que a soberania do nosso país”, escreveu nas redes sociais.

O secretário de Políticas Digitais da Secom, João Caldeira, afirmou que a “ação abusa do poder econômico e explora a confiança do usuário para defesa de interesses corporativos próprios”.

Em 1º de maio, o Google colocou em sua página inicial uma mensagem contra o projeto de lei que regula a internet. A Senacon, vinculada ao Ministério da Justiça, determinou que o Google sinalizasse a postagem como propaganda.

No dia seguinte, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou que os presidentes do Google, Meta (Facebook e Instagram) e Spotify no Brasil e da produtora bolsonarista Brasil Paralelo prestem depoimento à Polícia Federal sobre o caso de propaganda ilegal contra o Projeto de Lei de Combate às Fake News (PL 2.630/20).

O ministro mandou que o Google e outras plataformas digitais retirassem todos os anúncios que estavam veiculando contra o PL 2.630, sob pena de multa de R$ 150 mil por hora de descumprimento para cada anúncio.

Após as decisões do ministro do STF e do Ministério da Justiça, a plataforma derrubou a mensagem.

No dia 25 de abril, a Justiça Federal do Espírito Santo determinou a suspensão do funcionamento do Telegram no Brasil. A decisão, do juiz Wellington Lopes da Silva, da 1ª Vara Federal de Linhares, foi proferida após o aplicativo não fornecer informações solicitadas a respeito de grupos nazistas atuantes no Telegram. Decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) revogou a suspensão da plataforma.

MPF-SP

O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo está questionando o Telegram sobre a mensagem mentirosa enviada a usuários do aplicativo de mensageria contra o projeto de lei de combate às fake news. O MPF deu até dez dias para a plataforma apresentar informações detalhadas sobre a mensagem.

Em ofício nesta terça-feira (9), o procurador da República de São Paulo, Yuri Corrêa da Luz, expede uma ordem para que o Telegram diga exatamente quem, na empresa, tomou a decisão de mandar a mensagem com nome e endereço eletrônico, para uma eventual oitiva pelo MPF, que aponta que a mensagem foi impulsionada aos usuários.

O MPF questiona:

1) Qual o dispositivo concreto, dos Termos de Uso e da autorregulação da plataforma, autorizaria o impulsionamento a seus usuários, por meio do canal “Telegram Notifications”, de conteúdos não relacionados a atualizações técnicas e comunicações sobre recursos do aplicativo;

2) Os motivos para que a referida mensagem tenha sido encaminhada, aparentemente, a todos os usuários da plataforma, e não apenas àqueles que estão inscritos no canal “Telegram Notifications”;

3) Se o canal permite, ou não, alguma “medida de contraditório” em face do posicionamento apresentado pelo Telegram, ou se a mensagem foi enviada de forma unilateral e sem possibilidade de qualquer questionamento por parte de quem dela discorde;

4) Se Telegram disponibiliza referido canal para que outros usuários façam comunicações, ou se ele é, ao revés, um meio exclusivo, que impulsiona, apenas e tão somente, conteúdos de interesse da plataforma;

5) Os nomes e os endereços eletrônicos dos responsáveis, dentro da empresa, que elaboraram a mensagem e decidiram por seu impulsionamento, para identificação do MPF.

FELIPE NETO

O youtuber e influencer Felipe Neto escreveu que a mensagem distribuída pelo Telegram “é uma das coisas mais absurdas que eu já vi na minha vida”. Segundo ele, “90% do texto é simplesmente MENTIRA!!!”. “É mentira que vai acabar a liberdade de expressão. É mentira que dá ao governo poder de censura”.

“É mentira que  os Direitos Humanos fundamentais sejam infringidos, nenhuma autoridade dos Direitos Humanos se manifestou contrariamente ao PL 2630!!!”, prosseguiu.

https://twitter.com/felipeneto/status/1656007843319881733?cxt=HHwWioC95YGXqfstAAAA

“É mentira que o PL obriga o Telegram (ou Whatsapp ou qualquer outra mensageria privada) a monitorar as mensagens trocadas entre pessoas e informar qualquer coisa às autoridades. MENTIRA MESMO!”.

“É uma insanidade completa, uma desinformação pública passada como se fosse notícia!”, disse.

Felipe Neto cobrou punição para a plataforma. “Espero que a justiça brasileira aja com o máximo rigor da lei contra esse absurdo. E eu peço a todos que me seguem que não acreditem em uma só linha do que informou o Telegram”.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *