Rodrigo Roca alegou ainda “impedimentos familiares” para deixar de defender Cid. Ele é advogado do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das “rachadinhas” e foi indicado por Bolsonaro (PL) ao cargo de secretário da Senacon
O advogado Rodrigo Roca deixou, na quarta-feira (10), a defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A defesa confirmou a informação.
Os novos advogados de Cid são Bernardo Fenelon e Bruno Buonicore. “Confirmo que eu e o Bruno Buonicore assumimos a defesa e por respeito ao Supremo Tribunal Federal, todas as nossas manifestações serão feitas nos autos do processo”, afirmou Fenelon em nota.
Fenelon é mestre em Direito Penal Econômico pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP-DF), especialista em crimes do colarinho branco e já lançou um livro sobre colaboração premiada.
ORDENANÇA
O ex-ordenança era o “faz-tudo” de Bolsonaro. Não é crível, que Mauro Cid falsificou os cartões de vacina do ex-presidente e da filha, Laura Bolsonaro, sem a ordem e anuência do ex-chefe do Executivo.
Ninguém acredita e Bolsonaro sabe disso. Mauro Cid não teria operado a falcatrua à revelia ou por ato de proatividade para agradar o chefe.
O fato de o advogado abandonar a causa é mau sinal para Bolsonaro, pois se o ex-ordenança abrir a boca, numa delação premiada, o ex-mandatário estará em maus lençóis.
PATRANHA DE CID
Cid foi preso, na quarta-feira (3), pela PF (Polícia Federal), em operação que apura a inserção de dados falsos de vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.
Segundo a investigação da PF, foram forjados os cartões de vacinação de Jair Bolsonaro, da filha mais nova, da esposa e filha do próprio Cid, além de outras pessoas ligadas ao ex-presidente.
ADVOGADO DO “01”
Roca foi advogado do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das “rachadinhas” e, em 2022, foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro como Senacon (Secretário Nacional do Consumidor).
Existe contradição na estratégia de defesa de Cid. O defensor advogava para que o tenente-coronel assumisse toda a culpa e responsabilidade pela falsificação ideológica.
Falsidade ideológica é um tipo de fraude criminosa, que consiste na criação ou adulteração de documento, público ou particular, com o fito de obter vantagem — para si ou para outrem — ou mesmo para prejudicar terceiro.
FAMILIARES PRESSIONAM CID
O entorno de Cid — principalmente os familiares — não aceita que ele assuma toda responsabilidade por eventuais delitos sozinho.
O advogado Roca, por sua vez, não faz delação premiada. Muito próximo à família Bolsonaro, ele deixou a defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e, agora, também a de Cid.
Mais do que delação, a preocupação da família e amigos de Cid é com a biografia e o nome da família — como revelado pelo “Estúdio i” (Globonews) na semana passada.
FALA MENTIROSA
Em entrevista ao “Estúdio i”, na última quinta-feira (4), Roca afirmou que não houve “qualquer intervenção por parte do presidente Bolsonaro” no caso da suposta fraude no cartão de vacinação dele, da filha e de outras pessoas.
Por essa razão é que se pode dizer que o patrono de Cid, na verdade, era de Bolsonaro.
A família de Cid se irritou também com a entrevista de Roca ao “Estudio i”, em que ele mais parecia defender Bolsonaro do que o ex-ajudante de ordens.
Leia a nota do ex-defensor:
“Renuncio à defesa dos interesses do Cel. Mauro Cid nos inquéritos em que figura como investigado, por razões de foro profissional e impedimentos familiares da minha parte.
Rodrigo Roca”
M. V.