Dados do IBGE desmontam “expectativas” de Campos Neto de manter os juros estratosféricos
A inflação oficial do país desacelerou em abril e ficou em 0,61%, abaixo dos índices de 0,71% alcançado em março e 0,84% em fevereiro, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) divulgado nesta sexta-feira (12) pelo IBGE. Nos 12 meses até abril a inflação oficial acumula alta de 4,18% e de 2,72% nos primeiros quatro meses de 2023.
Governo, empresários, economistas e até executivos do próprio mercado financeiro afirmam que a inflação nos patamares atuais não justifica a decisão do Banco Central (BC) de manter a taxa básica de juros (Selic) a 13,75%, a maior taxa de juro do mundo, sob o pretexto de conter uma demanda que não existe.
A decisão de Campos Neto, presidente do BC, na última reunião do Comitê de Política Monetária, no início deste mês, de manter a Selic no mesmo patamar desde agosto do ano passado foi amplamente criticada por vários setores da sociedade.
Em abril, o reajuste nos preços de medicamentos e planos de saúde trouxeram a principal contribuição para a inflação do mês, embora todas as categorias de produtos e serviços pesquisados tenham subido.
O governo autorizou reajuste de 5,60% em medicamentos no mês de março, pressionando a categoria de produtos farmacêuticos e medicamentos, que segundo o IBGE subiu 3,55% em abril e contribuiu com 0,12 ponto percentual no IPCA. Além disso, houve reajuste dos planos de saúde que teve impacto de 1,20% no mês.
Principal categoria de composição da inflação, o preço dos alimentos também foi ponto de pressão no IPCA, com alta de 0,71%. Aumentos de alimentos básicos, como tomate (+10,64), leite (+4,96) e queijo (+1,97%) contribuíram para encarecer a alimentação no domicílio em 0,73%. No mês anterior, o item chegou a apresentar deflação. A alimentação fora do domicílio teve uma pequena variação, passando de uma alta de 0,60% em março para 0,66% em abril.
Por outro lado, os combustíveis que pressionaram enormemente os preços no último período começam a dar tréguas, registrando queda de 0,44% em abril ante março. O preço do diesel caiu -2,25%, do gás veicular -0,83% e da gasolina -0,52%. O grupo de transportes acabou tendo alta de 0,56%, puxada pelo aumento das tarifas de transporte aéreo (+11,97%).